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Angus USA – mudanças e competição no mercado de carne – parte 2/12

Transição do negócio

A indústria de carne bovina tem operado tradicionalmente dentro de um sistema de commodity altamente segmentado e fragmentado. Como citado anteriormente, o principal direcionador de receita para a maioria das operações de cria se baseia integralmente no peso ao desmame.

Historicamente, existe uma pequena diferenciação dentro do mercado em termos de descontos ou prêmios por qualidade. Dessa forma, a lucratividade dentro do setor de cria foi, e continua hoje, largamente determinada pela eficiência operacional. A vantagem vai para aqueles que manejam visando aumento da produção (peso ao desmame) enquanto mantêm os custos de produção sob controle.

Essa equação explica a grande ênfase que os educadores de carne bovina colocaram no cruzamento de raças nas últimas décadas. Entretanto, é também importante notar que a indústria de carne bovina começou a passar por uma transformação significativa durante o início dos anos noventa. Dessa forma, uma perspectiva da história é útil aqui.

Notavelmente, a participação de mercado da indústria de carne bovina começou a cair no início dos anos oitenta. Crenças erradas sobre atributos de saúde da carne bovina foram ganhando força dentro da comunidade médica e consequentemente disseminada para o público geral. Isso aconteceu durante os anos noventa, quando a carne bovina também perdeu sua vantagem primária de mercado: palatabilidade.

Isso foi especialmente preocupante, considerando que essa era a principal motivação de compra entre os consumidores e fornece uma oportunidade para obter preços premiums com relação aos competidores. A convergência desses fatores, somada com aspectos de inconsistência do produto, falta de conveniência no preparo e aumento desproporcional nos custos colocou a indústria em uma situação tênue.

A concorrência aproveitou a abertura. A carne suína e de frango fizeram avanços bem sucedidos com relação às respectivas percepções entre os consumidores, enquanto também se tornaram cada vez mais eficientes. A carne bovina teve dificuldades em termos da relação preço/valor do produto. O crescimento foi interrompido: entre 1980 e o ponto mais baixo da demanda em 1998, o consumo de produtos de carne bovina foram baixos: apenas US$ 6 por pessoa. Ao mesmo tempo, os gastos com carne suína e de frango cresceram US$ 112/pessoa. Falando de outra maneira, a carne bovina ficou com somente cinco centavos de cada dólar gasto, enquanto a concorrência ficou com 95 centavos (veja Figura 1).

A carne bovina produzida como commodity fica forçada a se adequar à demanda variável. Os tipos de refrigeradores se mostraram instáveis para suprir as especificações dos clientes por exemplo, e as deficiências e ineficiências acabam precisando ser minimizadas. Impulsionar a competitividade requereria que a indústria se tornasse mais centrada no cliente e se afastasse da abordagem de commodity.

A indústria precisa estabelecer incentivos e direcioná-los pelo processo produtivo para garantir a oferta confiável e estável de gado no futuro, para suprir a demanda dos clientes. Para isso, as Auditorias Nacionais de Qualidade da Carne Bovina (NBQA) começaram um trabalho inicial em 1991 para identificar as deficiências de qualidade, enquanto descobriam os parâmetros do desempenho do sistema. A NBQA 2005 identificou esses componentes como uma preocupação constante, enquanto as três principais metas da indústria da auditoria para 2010 eram:

1) esclarecimento de sinais de mercado que encorajem a produção de gado, carcaças e cortes que estejam em conformidade com as metas da indústria;

2) fomentar a comunicação entre grupos e segmentos da cadeia de fornecimento de carne bovina; e

3) aumentar a idade e a verificação de origem para construir linhas de ofertas que se adequem aos mercados doméstico e de exportação.

Esses objetivos estabelecem a premissa de coordenação da indústria baseado em sinais claros e objetivos de mercado. A economia da indústria começou a mudar, refletindo cada vez mais toda a cadeia de valor. Isso trouxe mudanças favoráveis à cadeia de fornecimento da indústria de carne bovina, facilitando sistemas de produção que estão cada vez mais responsivos às especificações dos usuários finais. Em última análise, esses sinais de mercado começaram a mudar a equação de lucros e as decisões subsequentes de manejo para produtores de atividades de cria.

Fonte: Angus.org, por Nevil C. Speer, PhD, MBA Western Kentucky University.

Veja os 11 pontos referentes a esse tema a serem publicados nas próximas semanas:

Angus USA – Cruzamento de raças: considerações e alternativas de um mercado em desenvolvimento – parte 1/12

2) Influência genética e qualidade da carne bovina;

3) Programas de valor agregado;

4) Consolidação;

5) Convergência de negócios e propriedade retida;

6) Negócios intangíveis;

7) Gestão de prioridades de tempo e mão de obra;

8) Características funcionais e mitigação de problemas;

9) Considerações sobre facilidade no parto;

10) Considerações sobre manutenção do rebanho de vacas;

11) Considerações sobre implementação.

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