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Balanço de agosto e tendências

O mercado do boi gordo trabalhou em ambiente bastante firme no decorrer de agosto, por absoluta restrição de animais para abate. Praticamente não havia mais boi de pasto, e o “grosso” dos animais de confinamento ainda não estava pronto.

Assim, nem a chegada de frentes frias seguidas foi suficiente para promover o aumento da oferta de animais terminados. As escalas não avançavam para mais de 3 ou 4 dias, com falhas e redução do volume de abates diários.

Principalmente em São Paulo não se encontrava boi, levando os compradores paulistas a intensificarem as buscas em outros Estados, acirrando a concorrência e promovendo a valorização da arroba.

Ofertas de compra acima do preço referência “pipocavam” em praticamente todas as praças. Geralmente, quem tinha animais rastreados, de boa conformação, conseguia um sobre-preço, ou a redução do prazo de pagamento.

Ao longo do mês, na média das 25 praças pesquisadas pela Scot Consultoria, a cotação do boi gordo acumulou alta de 6%, com destaque para Santa Catarina, com 10%.

O movimento de alta tende a manter o ritmo até meados de setembro, quando deve começar a chegar ao mercado os primeiros lotes significativos de animais de confinamento.

Contudo, diante do crescimento pouco expressivo do número de cabeças confinadas este ano (perto de 5%), da crescente demanda externa pela carne bovina brasileira, e de uma possível melhoria da demanda interna (queda dos juros, recuo do desemprego e festas de fim de ano), a tendência ainda é de preços firmes para os próximos meses.

Reposição

Já o mercado de animais para reposição trabalhou em ambiente frouxo, principalmente para animais jovens. A demanda pelo bezerro, que já não era boa, em função do avanço da agricultura em detrimento das áreas de pastagens, caiu ainda mais com a chegada da seca, do frio e das geadas.

Desde junho, na média de doze Estados pesquisados pela Scot Consultoria, a cotação do bezerro nelore (cruzamento industrial em Santa Catarina e Rio Grande do Sul) recém desmamado acumulou baixa de 3%.

Com o boi gordo em alta, e o bezerro em baixa, as relações de troca não pararam de subir, alcançando os valores mais altos dos últimos 8 anos, conforme apresentado na tabela abaixo:


Contudo, com a necessidade de partir para a suplementação, a demanda se concentrou nos animais erados, bois magros e garrotes.

O aumento do custo da dieta em relação ao ano passado prejudicou o comércio. Porém, as vendas passaram a superar as expectativas após o recuo dos preços do milho (46% em 2 meses) e da forte valorização do gado gordo.

O ambiente, em curto prazo, tende a permanecer frouxo para os animais jovens e firme para os animais erados, que acompanham mais de perto a movimentação dos preços do boi gordo.

O mercado deve melhorar para os criadores somente no ano que vem, uma vez que o crescimento do abate de fêmeas (quase 50% no primeiro trimestre deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), deve levar à redução da oferta de bezerros.

Ainda assim, uma recuperação significativa das vendas está intrinsecamente ligada à retomada do investimento na pecuária, que segue perdendo espaço para a agricultura.

Exportação

As exportações brasileiras de carne bovina permanecem quebrando recordes, mesmo com o “problema” gerado pelas novas determinações do SISBOV. Em julho, foram embarcadas aproximadamente 97,4 mil toneladas em equivalente carcaça, 15% a mais em relação a julho/02.

O faturamento chegou a US$121,00 milhões, um recorde, o maior montante já gerado em um único mês, superando em 30% a receita obtida no mesmo período do ano passado.

E o cenário internacional favorece o Brasil, que caminha a passos largos para o topo do ranking dos países exportadores de carne bovina, atualmente ocupado pela Austrália.

Enquanto o consumo de carne bovina está aumentando, principalmente no Japão e na Europa, o mercado está cada vez mais desabastecido, por conta de problemas enfrentados principalmente por Austrália (seca), Europa (seca), e Canadá (vaca louca).

Sem problemas de ordem climática e sanitária, produzindo uma carne de qualidade, verde, barata e rastreada, o Brasil é o principal candidato a suprir as lacunas deixadas.

A redução da disponibilidade de mercadoria já favoreceu o Brasil, levando à recuperação dos preços. O preço tonelada da carne brasileira exportada acumulou alta de 18% ao longo do ano.

As estimativas apontam que no fechamento de 2003 deverão ter sido exportadas aproximadamente 1,2 milhão de toneladas em equivalente carcaça, levando a um faturamento de cerca de US$1,3 bilhão.

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