O Ministério da Agricultura solicitou ao governo argentino que seja antecipado o cronograma de vacinação em toda a região da Mesopotâmia, que inclui Entre Ríos, a partir dos focos anunciados ontem.
O presidente do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa), Bernardo Cané, garantiu que enviará ao Ministério a data do início da vacinação nessa área, e assegurou o sacrifício dos animais, caso sejam comprovados os focos.
Cané conversou por 30 minutos com o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luiz Carlos de Oliveira, e informou que tomou as providências comuns em casos de emergência sanitária, como o isolamento das propriedades.
Hoje, a Argentina conta com um estoque de 23 milhões de vacinas. A meta é vacinar 50 milhões de cabeças, sendo que a região central já passa pelo processo. No Brasil, Oliveira afirma que há estoque suficiente da vacina, se fosse o caso de utilizar. No entanto, ainda é aguardado um estudo sobre o comportamento do vírus na Argentina, para saber se a vacina brasileira seria totalmente eficiente nesse caso.
Oliveira não revê a posição do governo quanto à vacinação no Circuito Pecuário Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Lembrou que o foco de Artigas, no Uruguai, estava bem mais próximo do Estado, e a ação de vigilância foi suficiente.
Oliveira informou que o Ministério instalará uma auditoria nos serviços sanitários de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, a partir de 16 de abril. Haverá visitas a sedes de delegacias, escritórios, e trabalho a campo, para harmonizar os procedimentos da defesa. Em seguida, será convocada reunião técnica entre os três Estados para os dias 7 e 8 de maio. Nos dias 9 e 10 de maio, representantes de todo o Circuito Sul têm outro encontro.
O secretário garante, porém, que nenhum país adotou a vacinação sem que houvesse atividade viral ou foco de aftosa. Portanto, a volta da vacina traria a falta de credibilidade internacional. Por enquanto, Oliveira mantém os planos do governo de encaminhar à Organização Internacional de Epizootias (OIE) o pedido de zona livre sem vacinação em outubro.
De acordo com as regras da OIE, o Brasil tem o prazo de 12 meses para a requisição depois do último animal abatido em Jóia. Oliveira avisa que se a Justiça permitisse a volta da vacinação no Rio Grande do Sul seria o fim do circuito.
(Por Carolina Bahia, para Zero Hora/RS, 12/04/01)