Briga entre pai e filho afeta a líder global em carne suína

As ações da WH Group, maior produtora de carne suína do mundo, desabaram nesta quarta-feira, depois que o filho do controlador da companhia chinesa acusou publicamente seu pai de crimes financeiros. Listados em Hong Kong, os papéis encerraram o pregão em baixa de 11%.

Wan Hongjian, filho de Wan Long, um veterano da indústria de carnes de 81 anos e maior acionista do grupo, fez as alegações em um longo artigo que foi ao ar na terça-feira. O texto apareceu originalmente em uma conta do aplicativo de mensagens WeChat operada pelo “Xinrouye”, que cobre a indústria chinesa de carnes. 

No artigo, Hongjian afirmou que Wan Long embolsou grandes somas de dinheiro, deixou de recolher impostos e que o grupo envolveu-se em fraude. Ele também acusou Guo Lijun – que era diretor financeiro do grupo e na semana passada assumiu a presidência executiva – de ser responsável por perdas de milhões de dólares com hedge cambial. Muitas das acusações foram reproduzidas pela imprensa chinesa.

Em comunicado à bolsa de valores no início da tarde desta quarta, o WH Group disse que as acusações são “falsas e enganosas” e que avalia entrar com uma ação judicial contra Hongjian e outros responsáveis pelas alegações. O manifesto não impediu que as ações do grupo fechassem em seu menor valor em nove meses. 

Wan Hongjian não foi encontrado para comentar. Em junho, a empresa o removeu de suas funções de diretor executivo e vice-presidente dizendo que ele era incapaz “de cumprir suas funções com habilidade, cuidado e diligência” e que, em episódios recentes, ele teve má conduta e comportamento agressivo contra o patrimônio da empresa. 

Após sua saída do WH Group, Wan Hongjian disse a alguns meios de comunicação chineses que saiu por ter discordado de seu pai sobre uma escolha administrativa. Em uma das entrevistas, ele contou ter dado um soco em uma porta e batido com a cabeça contra um armário de vidro quando seu pai o convidou a deixar o escritório. 

A WH Group tem fábricas de processamento de carnes na China e é também controladora da americana Smithfield Foods. Na semana passada, o grupo reportou aumento de 6,8% em sua receita, que foi de US$ 13,3 bilhões no período, e lucro líquido de US$ 539 milhões, ligeiramente menor que o dos primeiros seis meses de 2020.

Fonte: Valor Econômico.