Na semana anterior fizemos um comentário abordando os assuntos rastreamento e confiabilidade no sistema produtivo de carne bovina. Comentamos sobre nossa perplexidade diante de haver um projeto apresentado pelo governo que estava engavetado.
Nossa perplexidade aumentou muito, principalmente com o que a imprensa noticiou ontem, sobre os resultados das duas reuniões realizadas em Porto Alegre pelo Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, uma com Secretários de Agricultura, e a outra com produtores. Segundo a notícia (Jornal O Estado de São Paulo), as reuniões produziram poucos resultados concretos.
Nas novas ações para combater a febre aftosa, três ações foram citadas: cadastramento das propriedades, educação sanitária e controle de trânsito de animais. É citado ainda que nenhuma delas foi detalhada.
Em qualquer programa de rastreabilidade que pretende ter um mínimo de confiabilidade, o cadastramento é condição indispensável, pois sem ele não é possível rastrear nada. Tanto para a febre aftosa como para qualquer outra doença, a educação sanitária também é indispensável. Finalmente, o controle de trânsito de animais também é indispensável para se fazer qualquer rastreamento. A conclusão óbvia é que estamos quase na estaca zero em relação ao estabelecimento de qualquer tipo de rastreamento quando consideramos a cadeia produtiva.
Existe uma necessidade urgente e inadiável da cadeia produtiva de carne bovina identificar uma liderança competente para desencadear um programa concreto que leve ao cadastramento de todas as empresas pecuárias e industriais da cadeia, e como conseqüência permita um rastreamento e um controle de todos os pontos críticos. Só assim acreditamos que cadeia da carne bovina possa atingir um grau de confiabilidade compatível com a sua importância econômica e social em termos de geração de trabalho. Tem se falado muito e produzido quase nada em termos concretos.