Os preços do couro verde – matéria-prima processada pelos curtumes – recuaram cerca de 35% no Brasil e caíram pela metade na Europa, passado o pior momento da crise sanitária européia, a qual levou o continente a sacrificar e incinerar cerca de 5 milhões de animais.
Segundo a Scot Consultoria, o quilo de couro verde no mercado interno foi de R$ 2,53 em abril, permanecendo forte em maio, e começando a enfraquecer em junho. Na última sexta-feira, o preço do produto era de R$ 1,65. Na Europa, segundo José Roberto Scarabel, presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), o preço do produto, que chegou a US$ 2,00 no auge da crise, já voltou a US$ 1,00.
Apesar da queda do preço ter um componente sazonal, devido ao recuo da demanda na Europa em período de férias, a retomada dos abates de bovinos naquele continente é um dos principais motivos da baixa de preços. Os abates tinham sido suspensos temporariamente devido à ocorrência da febre aftosa e da doença da ‘vaca louca’ na Europa.
A suspensão dos sacrifícios dos animais na Europa, impedindo a utilização do couro, gerou especulações no mercado e a forte alta dos preços, fazendo com que alguns fabricantes buscassem uma alternativa em matérias-primas sintéticas, na opinião de Scarabel. Segundo ele, outro fator que contribui para a queda dos preços são as altas temperaturas no Brasil, que provoca a diminuição na demanda por produtos de couro.
A taxação de 9% na exportação do wet blue (couro após a primeira fase de processamento) pode estar pressionando a cotação, especialmente para os frigoríficos que apenas fornecem couro verde para os curtumes processarem. Na opinião de Edivar Vilela, presidente do Sindifrio, o curtume “desconta” o imposto no preço pago aos frigorífico pelo couro verde.
Porém, Mário Bertin, diretor da Bracol, curtume do grupo Bertin, afirma que a taxação não derrubou o preço interno e acrescenta que ela estimula vendas de couro semi-acabado, que tem maior valor. Em 2000, a Bracol exportou US$ 70 milhões entre wet blue, semi-acabado e acabado. Bertin acredita que a tendência é os preços do couro se estabilizarem no mercado interno. “A alta foi irreal”, afirma.
Mesmo com a retomada dos abates na Europa, o setor exportador mantém a estimativa de vender 12% a mais este ano, num total de US$ 850 milhões. Segundo Scarabel, o Brasil é o único país com oferta crescente de couro para atender à demanda.
fonte: Valor Online (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint