Em nosso meio predominam as máquinas forrageiras para corte de cana-de-açúcar do tipo tratorizadas, montadas na lateral do trator, cujo sistema picador apresenta grande variação de modelos, desde do tipo cilindro (tambor) e do tipo volante (discos) com até 16 facas.
O mecanismo picador do tipo volante proporciona máquinas mais compactas e portanto, mais leves, enquanto que as máquinas cujo mecanismo picador é do tipo tambor são maiores, porém nem por isso com maior capacidade de colheita. Nos tambores a grande vantagem é que as facas apresentam uma superfície de contato maior com o alimento, isso pode promover maior uniformidade de tamanho de partículas, e um provável menor desgaste das facas.
O desempenho da máquina deve estar associado à potência do trator que está sendo utilizado. Porém, considerando uma densidade de cana na linha de corte de 15 kg, um conjunto forrageira-trator se movimentando à 2000 m/h, significa que em 1 hora a máquina forrageira deverá ter cortado 30.000 Kg de cana. Apesar dos fabricantes atestarem tal capacidade de corte de suas máquinas, a realidade é que o fluxo de corte de 500 Kg/min (30.000 Kg/60 min) é extremamente alto, o que limita o processo. A utilização de tratores com menor velocidade de deslocamento é o ideal nesse caso, porém o mercado não possui esse trator. Considerando que um fluxo em torno de 10.000 Kg/h, ou seja, 166 Kg/min é possível de ser processado pelas forrageiras, conclui-se que o trator a ser utilizado nesse processo deve desenvolver a velocidade em torno de 700 m/h, isso é conseguido com a colocação de um redutor na relação de engrenagens. Caso essa adaptação não seja realizada, o que ocorre é o operador ajustando a velocidade do trator com a embreagem, isso não permite velocidades constantes e aumenta o custo de manutenção do maquinário.
A falta de uma máquina forrageira de maior capacidade de corte e a não adaptação de tratores para o corte da cana, leva, na maioria das vezes, a decisão por baixos níveis de adubação. Dessa forma, a produção da cana será menor e portanto, a máquina terá condições de cortá-la. Obviamente essa é uma decisão adaptada ao mercado, porém não producente.
Uma análise detalhada do confinamento da fazenda São Paulo mostra uma necessidade muito grande de máquinas forrageiras. Enquanto que durante 16 anos foram adquiridos apenas 3 vagões forrageiros, no mesmo período, 9 máquinas forrageiras foram utilizadas. Nesse caso, em média, com uma máquina forrageira foi possível cortar 59,53 ha de cana, ou seja, aproximadamente 4.762 t de cana, o que permitiu alimentar 1905 cabeças. Como o confinamento da fazenda São Paulo teve em média 1009 animais, significa que a cada dois anos uma máquina teve de ser adquirida, e significa também que para o ano de 1999, 2300 animais serão confinados e portanto, não será possível de terminar o período de confinamento com apenas uma máquina.
Quadro 1- Desempenho e evolução do confinamento da fazenda São Paulo, município de General Salgado – SP (APL)
Na análise de uma propriedade que em 6 anos se utilizou apenas de uma máquina, onde eram realizadas manutenções periódicas, nota se que essa forrageira cortou o equivalente a 95 ha de cana, e que seu custo de manutenção foi de R$ 4800,00. Esse valor corresponde a 22,85%/ano de custo de manutenção sobre o valor da máquina, que era de aproximadamente de R$ 3500,00. Dessa forma, pode-se considerar que esse equipamento apresenta um alto custo de manutenção, pois está acima de valores preconizados.
Por outro lado, o custo de R$ 4800,00 somados ao custo de aquisição de R$ 3500,00, e considerando o corte de 95 ha, que equivale a 7600 t de cana-de-açúcar, conclui-se que o custo da forrageira foi de R$ 1,09/t de cana-de-açúcar cortada. Esse valor corresponde a 14% do custo total (QUADRO 2), o que não onera em demasia o custo da cana e pode ser considerado normal.
QUADRO 2 – Composição do custo de manutenção de um canavial