Tecnologia Tropical
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Canadá admite suspender o embargo

A batalha da vaca louca entre Brasil e Canadá esfriou ontem. De um lado, os canadenses admitiram, em nota, a possibilidade de suspender o embargo à carne bovina brasileira. Em resposta a isso, as autoridades brasileiras reduziram o ritmo acelerado com que vinham estudando medidas de retaliação comercial ao Canadá. É o que informa reportagem publicada hoje no jornal O Popular.

O ministro interino da Agricultura, Márcio Fortes de Almeida, disse que os dois países caminham para um entendimento. Almeida informou ainda que uma missão técnica da Agência de Inspeção Alimentícia do Canadá estará chegando ao Brasil nos próximos dias. “Esta é, certamente, uma decisão do governo canadense porque os técnicos não tomariam esta determinação sozinhos.”

O Itamaraty recebeu “positivamente” a atitude do Canadá. Na avaliação dos diplomatas brasileiros, a discussão voltou à esfera técnica. Nos bastidores, a notícia foi comemorada como resultado positivo da forma “ágil” como o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, conduziu a questão. Tanto a nota quanto a vinda dos técnicos são um esforço do Canadá de caracterizar a suspensão de compra da carne brasileira como algo puramente técnico, desvinculado-a da disputa no mercado de jatos comerciais leves entre a Embraer e a empresa canadense Bombardier. “O Canadá repudia veementemente qualquer insinuação de que esta decisão foi tomada em atitude de retaliação ao Brasil”, diz a nota.

Apesar da disposição de entendimento, o clima ainda está longe de ficar ameno. Na nota, o governo canadense diz que a suspensão da compra da carne brasileira ocorreu porque o governo do Brasil não enviou as informações necessárias para o parecer técnico que atestaria a ausência do mal da vaca louca no País. “Este parecer poderia ter sido liberado há vários meses se as autoridades brasileiras tivessem fornecido as informações previamente solicitadas”, diz o texto, acrescentando que os dados foram pedidos “no final do ano de 1998”.

A informação foi contestada por Almeida. Ele disse que os canadenses pediram os dados em junho de 1998. A resposta foi enviada um mês depois. Na última quinta-feira, foram enviados dados complementares. O ministro interino explicou que, em junho de 1998, o Ministério da Agricultura recebeu um pedido de informações da agência canadense, por meio de questionário, sobre o controle sanitário para evitar a encefalopatia espongiforme bovina.

A resposta a esse questionário, com dados sobre as condições do rebanho, origem, tipo de alimentação, importação ou não de alimentos (farinha de carne e de osso) foi enviada em julho de 1998 pelo diretor do Departamento de Defesa Animal do Ministério, Aluisio Sathler, na gestão do ex-ministro Francisco Turra, ao dirigente da Divisão de Sanidade Animal de Comércio Internacional do Canadá no período, Brian Jamieson.

Uma cópia dessas respostas também foi enviada a Angela Santos, da embaixada do Canadá, em Brasília. “Não vamos discutir se essas respostas foram satisfatórias ou não. Caberia a eles solicitar mais informações. Desde que assumiu o cargo, em julho de 1999, o ministro Pratini de Moraes teve cinco conversas com o ministro canadense e nunca este problema foi mencionado”, afirmou Fortes. Na avaliação do ministro interino da Agricultura, o fato de os Estados Unidos não terem retirado o produto das prateleiras dos supermercados deve ter contribuído para a mudança de comportamento das autoridades canadenses.

FHC diz que negociação volta a ser civilizada

Brasília – O presidente Fernando Henrique Cardoso disse, por intermédio do seu porta-voz, que a divulgação de nota pela embaixada do Canadá e a vinda da missão técnica “são passos positivos que indicam o retorno à maneira civilizada de tratar tais matérias.” Na sua interpretação, a iniciativa do governo canadense de concluir os exames das informações brasileiras, inclusive in loco, “mostra que a motivação da ação canadense era acessória e que teria sido melhor aguardar a conclusão do processo de troca de informações para tomar uma iniciativa com aquele alcance.”

Fernando Henrique reafirmou que a atitude do Canadá, de suspender as importações de carne brasileira, foi arbitrária, pois “todo mundo sabe que não existe doença da vaca louca no Brasil”. Ele disse que “o Brasil reagirá com inteligência, mas com firmeza, às posturas adotadas pelo Canadá.”

fonte: O Popular/GO

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