Tecnologia Tropical

A globalização da economia e a estabilização da moeda, implementada a partir do plano real, modificaram a realidade econômica das propriedades pecuárias brasileiras.

Acostumados a vender sua produção concentrada em determinadas épocas do ano, os pecuaristas aplicavam o dinheiro da boiada na ciranda financeira, usufruindo os “rendimentos” gerados para pagamento das despesas mensais.

Com a queda dos “juros + correção monetária”, os pecuaristas se depararam com a diminuição de seus rebanhos, ocasionada pela renda insuficiente para sua manutenção.

A palavra de ordem no momento era o aumento do giro do capital “boi”, através da diminuição da idade de abate.

A falta de uma política de incentivos às pesquisas voltadas às nossas condições tropicais, levou o produtor rural brasileiro a ser bombardeado com inúmeras tecnologias inerentes as nossas condições.

Essas tecnologias, em sua maioria baseadas em produtos, sustentadas nos resultados imediatos alcançados, tiveram um crescimento vertiginoso, haja visto o número de novas empresas e produtos operando neste mercado. É o caso dos suplementos minerais aditivados, proteinados e energizados, probióticos e etc.

Encantados com os resultados obtidos no curto prazo e acostumados a não fazer conta, os pecuaristas, de modo geral, entraram de cabeça nesta nova onda.

A introdução dos cruzamentos industriais e o melhoramento genético nas raças puras, aliados as tecnologias de suplementação e manejo para a produção do precoce e superprecoce, reduziu a idade (13 a 24 meses) e o peso (15 @) de abate. A conseqüência foi o pecuarista apavorado com o pagamento dos insumos, a reposição desfavorável e o rebanho continuando a encolher.

A redução da idade de abate veio acompanhada pela elevação dos custos de produção e o aumento na oferta de bois prontos, interferindo diretamente no preço da @. Com o aumento do número de animais abatidos houve uma corrida para a reposição, justificativa plausível para a elevação do preço do bezerro.

A redução no peso de abate, também interferiu na reposição desfavorável, pois um boi gordo, agora com 15@, só conseguia repor 1,8 a 2,0 bezerros, que tradicionalmente era de 2,7, chegando a épocas favoráveis a 3,5 até 4,0.
Neste contexto surgem as empresas de consultoria econômica e de planejamento com forte conotação sócio-ambiental, dispostas a determinar procedimentos capazes de tirar a produção pecuária da situação de consumidora indiscriminada de insumos. São empresas que pregam a sustentabilidade da produção através de “tecnologias de procedimentos“. Visam a harmonia do ecossistema, a preocupação social, uma metodologia que seja simples e criativa e tenha sustentabilidade econômica.