A carne bovina, um dos produtos mais importantes do agronegócio brasileiro, é ainda, no ano 2000, produzida e comercializada sem uma forma definida de identificação de suas características indicativas de qualidade ou justo valor.
Temas como novilho precoce, selo de garantia, rastreabilidade, análise de pontos críticos, dentre outros, viraram moda, e são utilizados como alavancas mercadológicas. Ótimo ! Sabe o consumidor o que isso significa ? Precisa saber ? O quê significa qualidade para ele?
Maciez, cor, quantidade de gordura, marmoreio, afinal, o quê realmente é importante para o consumidor ?
Quem diz qual produto é melhor ou pior ? O produtor, o frigorífico, a cadeia varejista ou o próprio consumidor ? Provavelmente quem compra é quem define o que quer comprar e mais importante ainda, quanto quer ou pode pagar.
Sem identificação fica difícil para o consumidor estabelecer um padrão. Este é melhor por isso, e portanto vale mais; aquele é pior por aquilo, e portanto vale menos. A quem interessa essa desinformação generalizada ? Quem lucra ? Quem perde ? Certamente a sociedade como um todo perde e, consequentemente, todos são perdedores do consumidor ao produtor.
Qual é a linguagem comum, que consegue expressar da melhor e mais visível forma possível, os anseios do consumidor para que os demais segmentos da cadeia possam produzir esse produto ? Uma classificação das carcaças ? Quais critérios de avaliação ?
Como mudar rapidamente essa situação ? Esforço total. Informação, manuais, cursos e muito treinamento dos vários segmentos envolvidos. Todo sistema precisa ser reciclado.
No setor produtivo a imediata união e organização dos pecuaristas numa grande ação de divulgação da carne bovina, é mais do que devida.
No âmbito dos frigoríficos necessário se faz um total treinamento dos setores de compras, transportes, recebimento de animais, abate e processamento.
No setor varejista também treinamento da mão de obra envolvida é a palavra chave. A remodelação dos equipamentos, com algumas exceções, também se faz necessária, já que a cadeia de frio é primordial na manutenção e garantia da qualidade da carne. Uma ampla divulgação junto aos consumidores, dos critérios básicos utilizados na avaliação da qualidade é o mesmo que mostrar as regras do jogo, jogar às claras, e assim, conquistar mercado.
O consumidor é, finalmente, aquele à quem a cadeia da carne deve todos os seus esforços e resultados. É ele que paga, e portanto merece, e exige uma grande campanha mostrando não só a face importante da carne como alimento saudável, mas quais são as suas opções. Certamente cada nicho de mercado vai ter a sua demanda específica e, para nossa sorte, o bovino é um animal que fornece uma gama enorme de cortes, cada qual com uma característica própria, adequado a um segmento especifico do mercado. Produtos de A a Z para todos os gostos.
Este mercado deverá passar por um grande processo de racionalização e direcionamento nos diversos alvos de consumo. Cada elo da cadeia deverá atender a este objetivo, de forma a se estabelecer as bases para o desenvolvimento. É importante manter, durante toda esta trajetória, a visão do boi/carne, como o produto, que ele é.