Em toda notícia sobre o potencial do Brasil para se tornar um dos maiores exportadores de carne bovina surgem alguns aspectos comuns, principalmente ligados à necessidade de um rebanho livre de doenças, de produção de carne de qualidade e de uma política agressiva de abertura de novos mercados e de ocupação maior dos mercados já abertos.
Um outro aspecto que deve fazer parte desta lista é o relacionado à competência e responsabilidade daqueles encarregados de divulgação da carne brasileira nos mais diferentes mercados, independentemente do seu tamanho e potencial de crescimento. Conceito bom é difícil de ser obtido, mas muito fácil de ser perdido. Bastam algumas falhas semelhantes à verificada recentemente em uma das feiras mais importantes do mundo realizada na Inglaterra, o famoso “Royal Agricultural Show”. O fato foi divulgado pela imprensa e incluído nas notícias do BeefPoint no último dia 4 de julho. Dá para entender tamanho descaso, falta de organização e desrespeito por parte dos organizadores perante aqueles que se programaram para atender o seminário para discutir justamente “Oportunidades para novas parcerias para o agronegócio no Brasil”? Notícias posteriores dizendo que praticamente tudo foi solucionado durante o decorrer da feira não atenuam as consequências e nem devem isentar os responsáveis diretos e indiretos de punições exemplares. Os grandes esforços de uma cadeia produtiva para se tornar mais eficiente, mais produtiva, mais responsável na produção de alimentos saudáveis tanto para consumo interno como para exportação, ficam prejudicados por falhas que todos sabem que não são novas e que normalmente não têm sido levadas a sério a ponto de se punir os responsáveis e de assegurar que não voltem a ocorrer.
Dentro dos aspectos relacionados no primeiro parágrafo, o relacionado à qualidade deve ser abordado de maneira mais criativa, isto é, considerando nichos de mercado pela diversidade de aspectos qualitativos e de custos que felizmente o Brasil tem condições para produzir carne bovina. O ponto a ser considerado aqui é o relacionado à discussão, ou melhor, à competição entre raças, principalmente entre as zebuínas (Nelore) e as taurinas, representadas por um grande número, inclusive as adaptadas. Deve-se ter o cuidado para que discussões estéreis e pouco objetivas não tomem tempo e esforço e criem animosidade entre os criadores. As discussões que devem prevalecer são as relacionadas a identificar as preferências dos diferentes mercados e seus respectivos poder de compra e dirigir a produção para atender às carcterísticas desses mercados, usando para isso as raças disponíveis, as combinações entre essas raças e as características regionais principalmente as climáticas. Existem informações técnicas suficientes e disponíveis para esse exercício. Comparar raças é um comportamento estéril. O que deve ser estimulado é a competição dentro de raças para dirigir o melhoramento para caracteres objetivos e específicos, pois dificilmente uma única raça atenderá a todas situações. Para isso existe o cruzamento entre raças que permite explorar as melhores características de cada raça e a atender nichos de mercado quanto a tipos e custos dos produtos preferidos.