Uma fonte do Ministério da Agricultura confirmou, no início desta semana, a existência de focos de febre aftosa em bovinos criados nas localidades de Diamante e Rosário del Tapa, na província argentina de Entre Ríos. Agora o Brasil negocia que os animais argentinos infectados sejam submetidos a sacrifício sanitário, para reduzir o risco de que a doença contamine rebanhos brasileiros.
O presidente do Serviço Nacional de Vigilância e Qualidade Agroalimentar (Senasa), Bernardo Cané, garantiu ao ministro Marcus Vinicius Pratini de Moraes que se fossem registrados casos de aftosa nas províncias vizinhas ao Uruguai e ao Brasil (Entre Ríos, Missiones e Corrientes) seria aplicado o rifle sanitário. Técnicos argentinos prometeram iniciar a vacinação nas três províncias que ficam entre os rios Paraná e Uruguai em 60 dias, mas o governo brasileiro solicitou que a vacinação fosse antecipada.
Santa Catarina, que aguarda para hoje o início da participação do exército na operação de patrulhamento da fronteira com a Argentina, mantém-se firme na posição de não vacinar seu rebanho bovino contra a aftosa. O secretário da Agricultura, Odacir Zonta, disse que, apesar do foco argentino, a 200 quilômetros do Rio Grande do Sul, não há motivos técnicos ou econômicos para a volta da vacinação do gado no estado. ‘Entre Ríos, onde foi detectado o foco, já teve registro da doença em julho do ano passado’, afirmou.
Os gaúchos, que fazem parte do mesmo circuito pecuário, se esforçam para realizar a vacinação, mas Zonta mantém-se irredutível e diz que o risco é moderado. ‘A decisão tem que ser conjunta. Se o Rio Grande do Sul começar, unilateralmente, a vacinar, fecharemos as divisas.’
Embora Santa Catarina não exporte gado, o Estado respondeu por 66,3% das vendas externas de suínos do País no ano passado. E os negócios crescem aceleradamente, ainda mais com a falta de carne na Europa. O ingresso no mercado russo fez a exportação de carne suína crescer 123% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2000. Zonta argumenta que a volta da vacinação poderia dificultar os negócios já realizados e atrapalhar novas iniciativas, pois criaria dúvidas sobre a qualidade do produto no mercado internacional.
(Por Ayr Aliski e Elmar Meurer, para Gazeta Mercantil, 17/04/01)