Saiu hoje na Gazeta Mercantil, reportagem assinada por José Alberto Gonçalves, que informa sobre a queda dos contratos futuros de boi na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) em dezembro passado. Foram negociados 1.932 contratos, 81% menos que em novembro e 73,5% abaixo do volume de papéis de igual mês de 1999. No ano, o mercado de boi negociou 150.410 contratos, com volume financeiro de US$ 1,124 bilhão, 22% e 44% superiores aos números de 1999, respectivamente.
Normalmente, as operações futuras com boi diminuem no final do ano por causa do período de safra, que pressiona para baixo os preços. Entretanto, a alteração promovida no contrato de boi gordo em setembro passado, quando o real substituiu o dólar como moeda nas transações, levou os operadores desse mercado a preverem um declínio mais acentuado nos negócios, em função da adaptação dos agentes econômicos ao novo contrato.
Como observa Félix Schouchana, diretor adjunto de mercados agrícolas da BM&F, a volatilidade diminuiu com o contrato em reais, pois não embute o risco cambial. “Num primeiro momento, o mercado esperava que os negócios diminuíssem com a menor volatilidade nos preços, que tende a tornar desinteressante a atuação de especuladores”, conta Schouchana, lembrando que foram as corretoras que atuam na bolsa que solicitaram a mudança para reais da cotação do contrato de boi. Ao longo do ano, porém, a perspectiva é que a base de clientes se alargue. “Clientes como os confinadores tendem a procurar mais o mercado futuro com a redução na flutuação dos preços”, afirma.
A onda de pânico em torno da vaca louca, a frustração dos pecuaristas em relação à não-realização das previsões sobre alta para R$ 47,00 no preço da arroba no final do ano e o aumento no consumo de frango também contribuíram com o declínio nos negócios futuros no mercado de boi gordo, assinala o diretor da bolsa.
O volume financeiro negociado nos mercados agropecuários da bolsa em 2000 alcançou US$ 5,889 bilhões, 22% superior à cifra de 1999. Foram negociados 658.085 contratos, 31% mais que no ano anterior. Café, boi, álcool e açúcar foram os contratos mais negociados.
Por José Alberto Gonçalves, para Gazeta Mercantil, 04/01/01