A reação lenta, mas positiva, dos preços do boi gordo, nos últimos dias, devolveu aos pecuaristas a esperança de que a rentabilidade do segmento melhore consideravelmente nos próximos meses.
A arroba do boi gordo, que chegou a ser comercializada até a R$ 37,00 no início do ano, voltou a registrar nos últimos dias o patamar de R$ 39,00. O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Maurício Faria, acredita que esse quadro favorável está sendo fruto de uma conjunção de fatores internacionais, como surto da doença da vaca louca e de febre aftosa na Europa e na Argentina. Ele prefere não especular sobre patamares de preços, para não criar falsas expectativas, “mas tudo indica que a carne terá boas cotações daqui para frente”.
Os produtores esperam que os frigoríficos se disponham a repassar para os pecuaristas sua correspondente fatia nessa recuperação do setor. Para o presidente da SGPA, esse é o verdadeiro espírito de cadeia produtiva, que só pode se firmar e desenvolver a contento se todos os elos forem justamente remunerados.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado de Goiás (Sindicarne), José Magno Pato, não tem tanta certeza da tendência de alta no preço da carne bovina. Ele admite que o momento é favorável à pecuária de corte, mas acredita que “será muito mais no sentido da conquista e aplicação de mercados do que propriamente da elevação de preços”.
Magno Pato lembra que há mais de 30 anos o preço da carne bovina no Brasil sempre oscilou entre 16 e 22 dólares (R$ 34,80 e R$ 47,85 pela cotação atual), não devendo extrapolar esses limites. “Acho que mesmo na entressafra os preços devem ficar ao redor dos 20 dólares, um pouco a mais ou a menos”, avalia. Ele lembra que o consumo interno está estabilizado e acredita que exportações não crescerão “de forma tão explosiva quanto alguns imaginam, não havendo razão para um aumento expressivo de preços”.
(Por Edimilson de Souza Lima, para O Popular/GO, 06/04/01)