O encontro convocado pela Secretaria da Agricultura entre defensores da imunização, ontem de manhã, em Porto Alegre, foi suspenso devido à presença de representantes de entidades contrárias à medida: a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e o Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados (Sicadergs).
No início da noite, em nova reunião das entidades, foram definidas ações. Entre as principais decisões está o prazo até o dia 20 para que o Ministério da Agricultura solicite à Organização Internacional de Epizootias (OIE) garantia de manutenção do status de zona livre com vacinação para o Rio Grande do Sul e para Santa Catarina. Caso contrário, devem recorrer à Justiça.
Na reunião da manhã, mais uma vez a troca de acusações e discursos acirrados deram o tom da polêmica. O encontro, marcado para as 11h, reuniria inicialmente associações de criadores e entidades de pequenos produtores e do setor agropecuário favoráveis à vacina.
Porém, o primeiro a chegar na reunião foi o presidente da Farsul, Carlos Sperotto. “Vim em nome dos 25 sindicatos rurais filiados à Farsul que votaram pela vacinação”, justificou.
Surpreso, o vice-presidente da Associação Brasileira de Angus, Fábio Gomes, declarou não sentir-se à vontade para discutir o tema com entidades com posicionamentos contrários. Depois de uma votação, o secretário José Hermeto Hoffmann suspendeu o encontro.
O presidente da Farsul garantiu que, apesar de não ter sido convidado, jamais se ausentaria de uma discussão de interesse do setor. “Pelo que vi, a meta é definir estratégias de guerra. A não ser que o secretário saiba de algo que não pode ser divulgado abertamente. O nosso inimigo comum é o vírus. Estão usando a polêmica para dividir o setor”, disparou Sperotto.
As associações de criadores negam que haja um confronto com a Farsul, mas concordam que a situação está se encaminhando para uma dificuldade de diálogo.
O presidente da Associação de Criadores de Holandês do Estado (Gadolando), Mário Luiz dos Santos, informou que há um debate sobre a criação de uma federação representante dos criadores. Ressaltou que isso não significaria um rompimento com a Farsul, já que, juridicamente, as associações não estão ligadas à federação.
Além do Rio Grande do Sul, a preocupação com a aftosa cresce em outros Estados. Ontem, o ministro Pratini de Moraes pediu à Presidência da República a presença das Forças Armadas na fronteira do Paraná com a Argentina.
(Por Lisiana dos Santos, para Zero Hora/RS, 11/04/01)