Os focos de aftosa na Argentina estão mais perto do Estado do Rio Grande do Sul e provocaram reação nos gaúchos.
A confirmação de novos casos uniu ontem governo estadual, Assembléia Legislativa e Federação da Agricultura (Farsul) em torno da retomada do status de zona livre com vacinação e da adoção de medidas para eventual vacinação do rebanho.
Uma reunião de emergência, ontem à tarde, na Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembléia, discutiu a descoberta de cinco focos nos departamentos de Rosario Del Tala e Diamante, na província de Entre Ríos, e definiu a criação de um grupo técnico. A primeira reunião será hoje, às 10h, com todas as entidades do setor.
Os novos focos na Argentina foram anunciados pelo diretor de Pecuária da Província de Entre Ríos, Alfredo Montiel Barbará. Segundo o dirigente, em um estabelecimento da localidade de Maciá, em Rosario Del Tala, o vírus foi identificado em 53 vaquilhonas brangus e hereford. Também foram descobertos animais doentes em Diamante, próximo da cidade de Paraná, capital de Entre Ríos.
A proximidade assustou o secretário da Agricultura, José Hermeto Hoffmann, que se reuniu pela manhã com o presidente da Comissão de Agricultura, Frederico Antunes (PPB), pedindo apoio para a volta imediata da vacinação.
“A apreensão é grande. Temos que esquecer as diferenças porque o Estado está na iminência de ter focos”, advertiu Hoffmann. Carlos Sperotto, presidente da Farsul, que foi ao encontro na Assembléia, reagiu, dizendo: “O secretário quer dividir, polemizar e criar celeuma. Esse alarde é curioso”.
À tarde, chegou o consenso. Antunes, Sperotto, Carlos Guedes de Guedes (representando a secretaria) e o líder do PT na Assembléia, Ivar Pavan, decidiram encaminhar um pedido para que o Ministério da Agricultura solicite, na segunda-feira, que a Organização Internacional e Epizootias (OIE) encerre o episódio de Jóia e reconheça Rio Grande do Sul e Santa Catarina como zona livre de febre aftosa com vacinação. Voltaria ao status anterior. Também pedem uma reunião do Circuito Sul, com representantes dos dois Estados.
Sperotto disse que os produtores estão atentos, mas continuam preferindo a não-vacinação, porque a distância entre os focos e a fronteira gaúcha ainda é significativa. Apesar de ainda defender a não-vacinação, já solicitou ao ministério um estoque de vacinas, caso seja necessária imunização emergencial do rebanho gaúcho. Ontem, manteve contato com o governo argentino para conhecer a posição sobre os focos. Hoje, representantes do país vizinho se reúnem na cidade de Paraná (Argentina) para conhecer a extensão dos focos. Sperotto fará novo contato após o encontro.
Antunes destacou que a reunião de ontem é histórica porque governo, parlamentares e criadores chegaram a um consenso no combate à aftosa. Explicou que a equipe de emergência vai agir objetivamente no caso de imunização, ou seja, tipo de vacina utilizada e se a aplicação ocorreria por região – em forma de um cinturão – ou em todo o rebanho. Também será definido se o Estado será responsável pela vacinação ou se haverá parceria.
(Por Jorge Correa, para Zero Hora/RS, 12/04/01)