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Desempenho da pecuária de corte em 2000 e expectativa para 2001 – Parte 2

Mesmo num ano que terminou com grande parte dos pecuaristas insatisfeitos com os resultados, a pecuária de corte acabou gerando bons resultados em termos de rendimento, especialmente para quem evitou desperdícios de recursos, trabalhando dentro de linhas técnicas planejadas maximizando o resultado líquido.

Como habitualmente é feito pela Scot Consultoria, comparou-se os resultados econômicos em várias atividades dentro de três níveis tecnológicos de produção.

Padronizou-se uma propriedade hipotética de 1.500 ha voltados para a produção pecuária. O valor da terra em questão foi de R$2.500,00/ha. Todos os custos e remunerações de capital fixo ou circulante foram considerados.

Pecuária extensiva ou nível 1 de tecnologia

A propriedade, com todas as características da pecuária extensiva, obtinha lotações de 0,5 U.A./ha, aplicação de vermífugo apenas uma vez por ano, baixa produção de forragem, suplementação apenas com sal comum, pastejo contínuo e ausência de tecnologia de conservação de forragens.

Observe na tabela 4 os resultados da pecuária extensiva para todas as atividades.

Tabela 4: Resultado estimado da pecuária extensiva por atividade

Tabela 4

Observe que na pecuária extensiva, os melhores resultados são obtidos quando se faz o ciclo completo.

Pecuária semi intensiva ou nível 2 de tecnologia

A propriedade é manejada com média de 1,8 U.A./ha anual. O manejo conta com divisão de piquetes em torno de 30 a 40 ha que serão divididos em módulos de 7 para rotação durante o verão. Já se destina algumas áreas ao pastejo intensivo com adubações visando altas lotações. A suplementação mineral conta também com a utilização de sal proteinado, que poderá ser fornecido tanto no verão como no inverno.
Há áreas destinadas a produção de volumoso que atenderão o confinamento dos animais em terminação. O controle de ecto e endo parasitos é feito conforme a recomendação técnica adequada.

Tabela 5: Resultado estimado da pecuária semi-intensiva por atividade

Tabela 5

Novamente no ano de 2000, o tipo de atividade que busca manejar a propriedade com as melhores técnicas de produção em harmonia, visando a exploração racional do solo para a produção bovina, já permite ganhos satisfatórios. Observe que em todas as atividades ocorre rentabilidade positiva.
Os ganhos mais baixos são da cria e da engorda, que aumentarão, assim como os demais, de acordo com o aumento do tamanho da propriedade.

Pecuária intensiva ou nível 3 de tecnologia

Conforme o próprio nome, nesta propriedade almejar-se-ia a produção intensiva, ou seja, a aplicação de todas as práticas de adubação e conservação e forragens que permitissem altas lotações. No caso, 5 U.A./ha.

Tabela 6: Resultado estimado da pecuária intensiva por atividade

Tabela 6

Os resultados de 2000 confirmam duas máximas da pecuária moderna: – o pecuarista deve buscar manter mais de uma atividade na propriedade, que em miúdos significa dizer que se cria, deve procurar vender o bezerro mais tarde o possível, se engorda, deve procurar comprar o bezerro o mais cedo possível.

Os bons resultados na pecuária estarão atrelados ao bom desempenho do animal que ganha peso mais eficientemente, que é durante a fase da recria.

A segunda é, caso opte-se por intensificar toda a propriedade, será necessário produzir o máximo possível, ou seja, aumentar muito a lotação, pois caso contrário, corre-se o risco de ficar no prejuízo ou empate.

Aumentando a lotação para 6,5 U.A./ha/ano a rentabilidade do ciclo completo na pecuária intensiva alcança 8,5%, valor que tem sido observado em grande parte das atividades lucrativas na agricultura.

Porém, todo o técnico, pesquisador e pecuarista sabe da dificuldade de se aumentar lotações para estes patamares, especialmente em extensas áreas.
Ainda hoje, muitos duvidam que altas lotações sejam possíveis de serem atingidas.

Estratégias de planejamento

Conforme pode ser observado, os melhores resultados foram obtidos nas propriedades administradas de maneira semi intensiva, ou seja, no nível 2 de tecnologia.

Neste caso, não há mais desperdício de recursos na propriedade, busca-se administra-la de maneira eficaz visando sempre melhora-la do ponto de vista produtivo e financeiro.
Observe o caso real de uma propriedade de 800 hectares, para a qual foi feito um plano de intensificação ao longo dos anos, visando aumentar a eficiência financeira da mesma.

Tabela 7: Resultados financeiros estimados no planejamento de intensificação de uma propriedade de recria e engorda de 800 há

Tabela 7

Na prática, a propriedade, já com 5% da área em produção intensiva, partiria de uma receita líquida de cerca de R$15.070,00 mensais para R$37.637,33 mensais com 30% da área intensificada.

Observe que, apesar de muito bom, a intensificação leva tempo e, mesmo atingindo um nível de produção com lotações de 8,0 U.A./ha no verão em 30% da fazenda, a lotação não atingiria ainda os 4,0 U.A./ha na média da propriedade.
Teria ainda cerca de 60 ha para a produção de cana para confinamento.

Isso dá uma idéia do grau de dificuldade para se atingir os 5 U.A./ha, média anual, exposto nas condições da tabela 6.

Porém, é possível e dentro das condições atuais torna viável até mesmo propriedades menores na pecuária de corte. A exigência de tecnologia para sobrevivência é inversamente proporcional à área da propriedade na pecuária de corte.

Comparações

Para efeito ilustrativo, serão feitas comparações entre os rendimentos de alguns
Índices e aplicações durante o ano 2000 e a atividade de recria e engorda na pecuária de corte.

Observe na figura 1 os resultados dos investimentos e índices durante o ano 2000.

Figura 1

No início de 2000, quando estas comparações foram feitas para o ano de 1999, o comportamento da pecuária apresentou praticamente o mesmo desempenho que este ano. Porém, naquele ano, com variadas alterações no mercado financeiro, especialmente com a valorização da moeda norte americana em detrimento do real, o rendimento da pecuária ficava atrás de praticamente todos os investimentos e índices (o que implicava no empobrecimento do pecuarista). A recria e engorda só ultrapassava o rendimento da poupança em 1999.

Pois bem, em 2000, o rendimento na pecuária semi intensiva praticamente se manteve, o rendimento estimado n no sistema intensivo subiu 2 pontos percentuais, enquanto a pecuária extensiva, uma atividade condenada no mundo moderno (a não ser em grandes áreas em fronteira agrícola), acabou dando rendimento negativo.

O rendimento na pecuária semi intensiva ficou em 7,95% acima da média dos rendimentos de índices e de investimentos tradicionais. As tecnologias principais para a implantação do sistema que proporciona essa renda são a perenização das pastagens por meio dos fertilizantes básicos, a intensificação de 8 a 12% da fazenda e a reserva de 2,5 a 3% da área para produção de volumoso para confinamento.

Observe que todos os investimentos e índices que ultrapassaram a pecuária em 1999 ficaram para trás em 2000.
O fundo de ações que havia rendido 114% em 1999, rendeu a animadora cifra de
– 6,75% em 2000. Imagine se algum pecuarista tivesse vendido a fazenda e investido em fundo de ações?

Estamos à disposição para maiores esclarecimentos.

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Scot Consultoria
17 343 5111 – 17 342 5590 – fax

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