A suspensão do embargo à importação de carne bovina brasileira pelo Canadá, pelo México e pelos EUA, dificilmente ocorrerá nesta semana, informou ontem a Embaixada do Canadá. Chega na quarta-feira ao País o grupo de técnicos dos três países que vem verificar a saúde do rebanho bovino. Somente depois que eles tiverem coletado informações e elaborado um parecer técnico é que as restrições serão levantadas. É por isso que, na avaliação de técnicos da embaixada, o embargo deverá durar pelo menos até o final desta semana. É o que informa reportagem publicada hoje no jornal O Popular.
O chefe da área econômica do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima, informou que o Brasil não tem como pedir uma compensação pelos danos causados pela atitude do Canadá na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Não existe a possibilidade de buscar uma compensação”, afirmou. “Não há regra que impeça o Canadá de fazer o que fez nem que preveja alguma compensação em casos como estes.” O embaixador informou que uma indenização “não tem respaldo nos acordos existentes”.
Na opinião de Graça Lima, ainda que houvesse a possibilidade de alguma compensação para o Brasil, poderia não ser um bom negócio. “O que a OMC poderia nos conceder? Um direito de retaliação? E iríamos retaliar como? Deixando de fazer comércio? O setor privado acha graça nisso?”, questionou o embaixador.
Ele acredita que, de uma maneira geral, as retaliações comerciais são um mau instrumento porque acabam por restringir as trocas comerciais, em vez de estimulá-las. “Se a OMC pudesse determinar que o Canadá dobrasse suas importações de carne brasileira, seria útil; mas esse é o tipo de decisão que cabe ao setor privado”, comentou. As retaliações, segundo explicou, agem exatamente no sentido oposto ao desejável: o país ganha direito de deixar de importar bens.
Na sua opinião, esse tipo de medida é particularmente prejudicial aos países em desenvolvimento. “Países ricos podem cometer erros em suas relações comerciais sem que isso lhes custe muito. Já no caso dos países em desenvolvimento, o custo é elevadíssimo”, disse. Ele defendeu o início de uma discussão, dentro da OMC, sobre as retaliações comerciais. “Elas não trazem benefícios e impactam sobre o comércio bilateral”, afirmou.
fonte: O Popular/GO