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Europeus reduzem o consumo de carne bovina

Com a crise da vaca louca e os novos focos de febre aftosa no Reino Unido, os consumidores europeus se mostram apreensivos e diminuíram o consumo de carne bovina nos últimos quatro meses. Com isso nem o Brasil, nem a Argentina, deverão aumentar suas exportações de carne bovina à União Européia (UE), contrariando as expectativas.

De acordo com o porta-voz agrícola da Comissão Européia, Gregor Kreuzhuber, “não tem sentido pensar em mais importação, porque as pessoas simplesmente não querem comer carne.” A UE não deverá deixar seus consumidores se habituarem com carne de fora da comunidade. Na Inglaterra, só 2% da carne é importada e, desse total, 13% vem do Brasil.

Os dados mais recentes da Comissão Européia (CE) mostram que o consumo caiu 28% nos 15 países membros em quatro meses, os preços sofreram baixa de 27,3%. A situação deverá se deteriorar ainda mais.

Na França, principal produtor e consumidor da UE, o consumo caiu 25%. Na Alemanha, a queda é mais drástica, de 50%. Já na Itália, o consumo diminuiu 45%. “É uma loucura, até na Grécia, que não registrou qualquer problema sanitário, o consumo caiu 40%”, assusta-se Mauro Gallucio, assessor da Copa, a poderosa confederação dos agricultores europeus, e da Cocega, que reúne mais de 30 mil cooperativas agrícolas. O único país onde o consumo cresceu foi na Grã-Bretanha, de 3%, mas antes da crise da febre aftosa. Em nações conhecidas por estimular agricultura orgânica, como Holanda, Dinamarca e Finlândia, o consumo é estável.

A mudança de hábitos alimentares é uma evidência, segundo Beate Kettlitz, da União dos Consumidores Europeus, em Bruxelas. “Não aconselhamos que se evite todo tipo de carne bovina, mas a tendência é de mais consumo de peixe e frango.” A Suíça, que está fora da UE, registra outra tendência: carne de cavalo. O preço aumentou 30%.

A crise na Europa tem impacto negativo para todo mundo, porque amplia a desconfiança do consumidor. O embaixador da Argentina junto à OMC e à UE, Roberto Lavagna, diz que as importações procedentes da Argentina caíram, mas menos que de outros países.

Para o embaixador do Brasil junto à UE, Clodoaldo Hugueney, o espaço para as exportações na Europa é limitado por barreiras e cotas, e também pela quantidade de carne européia certificada esperando para entrar no mercado. Com a queda no consumo, o exportador não é motivado a vender fora da cota, pagando tarifa maior. Para Hugueney, a carne brasileira terá mais oportunidades de conquistar novos clientes em substituição a exportadores europeus em terceiros mercados.

(Por Assis Moreira, para Gazeta Mercantil, 01/03/01)

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