O crescimento da procura pelo couro no mercado externo elevou em 27% as exportações dos curtumes brasileiros no ano passado, totalizando US$ 760 milhões, segundo reportagem de Luciana Moglia, publicada hoje na Gazeta Mercantil. Os volumes enviados, no entanto, permaneceram um pouco acima de 200 milhões de quilos, os mesmos embarcados em 1999. Os preços médios subiram 12,5% para os couros acabados, 15% para os semi-acabados e 41% para o “wet blue”.
André dos Santos, economista da Associação das Indústrias de Curtumes do Rio Grande do Sul (Aicssul), órgão responsável pela elaboração das estatísticas nacionais do setor, afirma que a exportação de couro só não foi maior porque o mercado interno manteve sua demanda bastante aquecida durante todo o ano, em virtude da retomada de crescimento da indústria calçadista.
O mercado interno absorveu em 2000 pelo menos 13 milhões de couros, 4% a mais do que em 1999, com 12,5 milhões de couros, calcula Santos. Deste total, ele estima que 6,7 milhões foram destinados à elaboração de calçados tipo exportação, volume 3% maior ao do ano anterior e semelhante ao verificado em 1997.
O único segmento que teve aumentado seu volume enviado para o exterior foi o de couros semi-acabados, com acréscimo de 20% ou 2,6 milhões de couros no total. As exportações de “wet blue” cresceram 1% em volume e 40% em receita. Foram enviadas 10,4 milhões de peças, totalizando US$ 424 milhões. Os números de exportação do último mês indicaram os primeiros efeitos da taxação de 9% sobre o “wet-blue” decretada em dezembro. Nesse mês, as exportações caíram 19% em relação a novembro e 16% em relação a dezembro de 1999.
O presidente do CICB estima que os preços, que em novembro caíram em cerca de 10%, não deverão sofrer mudanças bruscas. “Sentiremos alguma especulação para aumento das cotações a partir de março, em função das ameaças da queda de abates na Europa por causa da doença da “vaca louca”.
Por Luciana Moglia, para Gazeta Mercantil, 31/01/01