O diretor de Fiscalização da Secretaria de Estado da Agricultura, Adelino Renúncio, passou os dias de feriado de Carnaval na região de fronteira com a Argentina, no extremo oeste, acompanhando o trabalho das sete equipes que estão fazendo as barreiras que impedem a entrada de animais vivos, carne com osso e material reprodutivo (sêmem), em função do foco de febre aftosa no país vizinho. “Nós sempre tivemos muito cuidado com aquela área, mas agora a atenção está redobrada porque a situação é muito preocupante”, avaliou.
De acordo com Renúncio, que deve estar de volta a Florianópolis hoje, a preocupação é grande porque já foram registrados focos de aftosa no Paraguai, no Uruguai, no Rio Grande do Sul e na própria Argentina. Caso o rebanho de Santa Catarina venha a ser contaminado, o estado poderá perder o título de área livre da doença, o que trará enormes prejuízos aos compromissos internacionais das agroindústrias catarinenses, principalmente ligadas à suinocultura. Com os casos registrados agora, a Argentina perdeu a certificação de área livre. “Por isso estamos preocupados com todos os nossos vizinhos e precisamos vigiar a fronteira com muita atenção”, disse.
Para o chefe de Fiscalização da Secretaria da Agricultura, a faixa de cobertura real dos fiscais é de cerca de 25 quilômetros, já que na maior parte do território de fronteira, do lado argentino, há uma grande mata cerrada. “São mais de 100 quilômetros de fronteira, mas por causa da mata são poucas as passagens”, avaliou. Segundo ele, o maior perigo são os animais vindos do Paraguai. As três equipes fixas, em Dionísio Cerqueira, Paraíso e Itapiranga, assim como as quatro móveis, são compostas por um veterinário, um auxiliar e um policial.
Um dos critérios para barrar os animais argentinos ou paraguaios que entram irregularmente pelo Rio Grande do Sul, segundo Renúncio, é exigir a Guia de Trânsito do Animal (GTA) e a nota fiscal. Sem os documentos os animais são apreendidos e executados. No ano passado a Fiscalização executou mais de 400 animais. Este ano, depois que houve problemas com o Rio Grande do Sul, com o Uruguai e, agora, com a Argentina, já foram feitas três execuções, de mais de 50 animais.
A Argentina, conforme comunicado da Organização Internacional de Epizootias (OIE) perderá o título concedido no ano passado, declarando o país zona livre de febre aftosa sem vacinação, mesmo com o anúncio do governo argentino de que vai vacinar 8 milhões de animais em 10 províncias.
(Por Adauri Antunes Barbosa, especial para a Gazeta Mercantil Santa Catarina, 28/02/01)