A companhia norte-americana Smithfield Foods Inc., maior produtora de suínos do mundo, está ingressando nos negócios de carne bovina. A companhia anunciou que fará um acordo para adquirir a companhia Moyer Packing Co., cuja participação no mercado de carne bovina dos Estados Unidos é de apenas 1,3% – o qual a Smithfield considera “pequeno, mas importante”.
Joseph Luter III, presidente e chefe executivo da Smithfield, disse que a Moyer tem uma história de 120 anos de comercialização de “produtos superiores de carne bovina” no leste dos EUA com a marca “Mopac”, altamente reconhecida no mercado. Além disso, ele disse que a companhia deu início ao desenvolvimento de um programa de case-ready no setor de carne bovina, que poderá vir a complementar um programa semelhante no setor de carne suína que a Smithfield está fazendo.
A carne do tipo case-ready sai da indústria pronta para ser colocada à venda, ou seja, seu corte, empacotamento e determinação de preços são feitos pela indústria, sem que o estabelecimento de varejo tenha que fazer qualquer tipo de processamento no produto antes de vendê-lo. Isso economiza para o varejo custo e tempo de trabalho, além de permitir uma estocagem mais eficiente do produto. A carne de frango é comercializada dessa forma há muito tempo, o que, segundo seus produtores, proporciona a esse setor maior competitividade sobre as carnes de bovino e suíno. “A combinação entre as duas companhias representa o início de um crescimento e nossa entrada pela primeira vez no mercado de carne bovina”, disse Luter.
Os termos do acordo não foram revelados, mas algumas fontes acreditam que o acordo é uma transação em dinheiro, que incluirá alguns débitos. O anúncio feito pela companhia informou que o acordo, sujeito a revisões de reforma, deverá ser efetivado no meio do ano.
A Moyer tem uma boa presença no leste dos EUA, principalmente no leste e norte de Maryland, justamente uma região onde a Smithfield tem sua presença limitada, segundo informou o vice-presidente de comunicações da Smithfield, Jerry Hostetter. Usando o sistema de distribuição de produtos da Moyer, a Smithfield poderá distribuir a carne suína no leste e nordeste dos EUA.
Além disso, Hostetter afirmou que as regiões norte e leste do país, e especialmente os centro altamente urbanizados, como a cidade de Nova Iorque, são mercados muito bons para as carnes do tipo case-ready, tanto de suínos, como de bovinos. Ele disse que a Moyer tem um programa modesto nesse sentido, no setor de carne bovina, e que a Smithfield vai investir capital para ser aplicado nesse setor pela Moyer. Isso é importante não somente para os postos de varejo, mas também para a própria indústria, que pode agregar maior valor a seu produto, aumentando assim suas margens de lucro. Não haverá alterações no gerenciamento da Moyer, o que está de acordo com a prática comumente feita pela Smithfield de comprar companhias, e deixar que o gerenciamento permaneça como estava.
A Smithfield tinha planejado adquirir a IBP no ano passado – uma transação que, caso tivesse sido concretizada, não somente colocaria a Smithfield no mercado de carne bovina, no qual a IBP tem uma participação de 33%, mas também aumentaria a participação no mercado de carne suína da companhia para aproximadamente 36%. Porém, o acordo acabou sendo fechado com a Tyson Foods Inc. (maior produtora de carne de frango dos EUA), que acabou desistindo do processo de compra. A Smithfield não planeja, nesse momento, outra oferta para a IBP inc. Segundo Hostetter, a empresa “tem outras prioridades”.
Segundo David Nelson, do Credit Suisse Firts Boston, em Nova Iorque, a aquisição da Moyer é um “passo chave” para a Smithfield avançar no setor de produtos de alto valor agregado, expandindo sua presença no setor de carnes case-ready, especialmente nos mercados do leste e nordeste dos EUA.
A Moyer, a nona maior produtora de carne bovina dos EUA, apresentou vendas no valor de US$600 milhões durante o ano 2000. A Smithfield produz cerca de 12 milhões de suínos por ano. A companhia comercializa produtos com o nome Smithfield, além de inúmeras marcas nacionais e regionais. As vendas da companhia no último ano fiscal (até 30 de abril) totalizaram US$5,2 bilhões.
fonte: Feedstuffs (por Rod Smith), adaptado por Equipe BeefPoint