O empresário Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração da Sadia, está retornando ao Brasil disposto a articular rapidamente com produtores de carnes do Mercosul uma ampla campanha junto a consumidores na Europa, para explicar a qualidade e o preço do produto sul-americano. É o que informa reportagem de Assis Moreira, publicada hoje na Gazeta Mercantil.
A convicção de Furlan, de que o Mercosul precisa agir e fazer um bom marketing, foi reforçada ao participar de uma das sessões mais privadas do Fórum de Davos. Numa reunião reservada, Furlan ouviu autoridades européias informarem que o mais recente temor envolvendo a doença da vaca louca será um ocasião para rediscutir a Política Agrícola Comum (PAC) da Europa porque dá subsídios que afetam tanto o comércio quanto a saúde.
“Temos carne melhor e mais barata e vamos a sensibilizar os consumidores europeus para o fato de eles pagarem mais caro por uma qualidade duvidosa.” A operação poderá custar de US$ 10 milhões a 20 milhões, reunindo Abef (frango), Abipecs (carne suína) e Abiec (carne bovina), além de produtores da Argentina e do Uruguai.
A idéia de Furlan terá certamente o apoio do Ministério da Agricultura. O ministro Pratini de Morais não parava de repetir que o Brasil é comprado, não é vendido. Ou seja, é o importador que vem buscar a mercadoria. A iniciativa do setor privado, assim, mostra uma nova percepção que só poderá dar bons frutos para o comércio exterior brasileiro.
A União Européia (UE) vai criar a European Food Authority no começo de 2002, anunciou David Byrne, responsável europeu pela área. Byrne se disse aliviado em ver o debate sobre biotecnologia e alimentos “sendo mais racionais”.
Por Assis Moreira, para Gazeta Mercantil, 30/01/01