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Otimização da taxa de lotação em sistemas de produção animal em pastagens. Parte 2/3

Luís Gustavo Barioni1

Após o modelo de Mott (ver a parte anterior desse artigo), vários modelos de resposta à taxa de lotação foram propostos. Alguns deles são apresentados na Figura 1.

Figura 1

Nota-se que os modelos publicados posteriormente àquele inicialmente proposto por Mott (1960) propõem uma queda menos acentuada no desempenho quando as lotações excedem a lotação ótima. Essas mudanças refletem os efeitos do aumento de utilização da pastagem produzida e redução da mantença dos animais submetidos a níveis nutricionais menos generosos. Existe ainda uma inconsistência quanto à resposta ao desempenho de animais com lotações sub-ótimas. O modelo de Jones e Sandland (1974) propõe que o desempenho animal aumenta linearmente em lotações abaixo da ótima, enquanto a maioria dos demais modelos propõem que o desempenho é praticamente inalterado por variações na taxa de lotação quando esta se encontra abaixo do nível ótimo. Simulações realizadas com modelos matemáticos sendo desenvolvidos na USP/ESALQ mostram que o formato das respostas dependem de uma série de fatores, incluindo clima e particularmente seu efeito sobre estacionalidade de produção de forragem, espécies forrageiras, particularmente em relação à elongação de hastes e possibilidade de seleção.

Atualmente existe concenso de que o uso de taxa de lotação como controle em pesquisa com animais em pastejo não permite a determinação de relações de causa e efeito devido às variações nas condições da pastagem durante o período experimental. Assim, mais recentemente, os pesquisadores têm utilizado preferencialmente experimentos onde alguma característica da pastagem seja mantida constante (exemplo massa de forragem, altura, resíduo pós-pastejo) através do uso de taxas variáveis de lotação. Tais experimentos são capazes de produzir relações entre a condição da pastagem e o desempenho por animal, como aquelas apresentadas na figua 2..

Figura 2

Figura 2. Exemplo de relação entre o resíduo pós-pastejo e a oferta de forragem sobre algumas variáveis relacionadas ao sistema de cria na Nova Zelândia (Fonte: Nicol e Nicoll, 1987)

As relações entre ingestão de forragem e desempenho animal, e condição da pastagem, podem dessa forma serem avaliadas. Estudo de simulação de sistemas de produção mostram que as curvas de resposta a variações na lotação podem ser obtidas a partir de relações como as da figura 2. Vários modelos de simulação têm sido desenvolvidos com base nesse tipo de relação. Alguns desses modelos incluem o GRAZE, UDDER e o STOCKPOL. Nesses modelos, a dinâmica da pastagem é calculada pelas taxas de crescimento e ingestão de forragem. Tanto a ingestão de forragem como o desempenho animal são o resultado de relações como as apresentadas acima. A próxima geração de modelos de simulação para suporte de decisão, deve ser capaz de simular explicitamente as relações entre plantas e animais em pastejo e otimizar taxas de lotação com ajuda de algoritmos avançados para sistemas não lineares. Esse será o assunto da próxima seção. Fique ligado.

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1 Doutorando, Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP

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