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Ovinocultores serão indenizados

Com a suspensão das importações de ovinos, caprinos e materiais genéticos derivados por tempo indeterminado desde a última sexta-feira, o Ministério da Agricultura acredita ter reduzido as chances de proliferação de casos de “scrapie” no país. É o que informa reportagem de Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha, publicada hoje no Valor Online.

A doença, diagnosticada oficialmente no último dia 12 em duas propriedades do centro-sul do Paraná, em Candói e Agudos do Sul, causa uma degeneração do sistema nervoso dos animais semelhante à provocada pelo mal da “vaca louca”. O agente causador do “scrapie” é uma proteína infecciosa (prion).

Segundo o ministério, o “scrapie” foi transmitido por uma ovelha importada dos EUA em 1989. Por causa da descoberta da doença nos três animais no Paraná, 290 ovinos foram sacrificados na região. “A medida é importante para manter a sanidade do nosso rebanho”, afirmou Rui Vargas, secretário interino de Defesa Agropecuária do ministério.

Pelas novas regras, estão proibidos de entrar no Brasil os animais nascidos ou criados em países que tenham registro da doença, casos do Reino Unido, Canadá e Estados Unidos. Estão liberadas as importações desde Nova Zelândia, Austrália e África do Sul, que estão livres do “scrapie”.

O ministério informou que todos os testes dos animais sacrificados no Paraná estão sendo feitos pelo laboratório de referência da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e devem ficar pronto em 20 dias, segundo Rui Vargas. Sobre as relações do “scrapie” com a “vaca louca”, o secretário interino reafirmou que não existe ligação entre as doenças. “As suposições de elo entre as duas doenças são apenas hipóteses não comprovadas”, garantiu.

Todos os criadores de ovinos que tiverem animais sacrificados por conta do surgimento dos casos de “scrapie” no Paraná serão indenizados, conforme prevê lei federal que trata de doenças exóticas. De acordo com o coordenador de de Defesa Sanitária Animal do Paraná, Felisberto Baptista, serão sacrificados todos os animais identificados como pertencentes à mesma linhagem das ovelhas infectadas.

Uma comissão formada por criadores e representantes da Secretaria de Agricultura do Paraná, ministério e Federação de Agricultura definirá o valor das indenizações. Conforme Baptista, o valor vai depender de fatores como a idade do animal e o tamanho do rebanho.

Para Baptista, a decisão do Rio Grande do Sul e da Argentina de restringir o trânsito de ovinos e derivados produzidos no Paraná “não passa de pretexto comercial sem sustentação técnica ou falta de informação das autoridades que adotaram a medida”.

Por Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha, para Valor Online, 22/01/01

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