Com a declaração, semana passada, pelo ministro da Agricultura, Pratini de Morais, do Circuito Pecuário Leste e de alguns Estados e zonas-tampão do Circuito Pecuário Oeste como áreas livres de febre aftosa, com vacinação, o próximo passo é o governo investir em uma política de marketing agressiva se quiser elevar as exportações de carne in natura e, assim, conquistar espaço e credibilidade internacional. É o que informa reportagem de Anna Cecília Junqueira, publicada hoje no Suplemento Agrícola do jornal O Estado de São Paulo.
Esta é a opinião de especialistas em pecuária nacional. Com a declaração, quarta-feira passada, de Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Sergipe e leste de Minas Gerais (Circuito Leste), além de Mato Grosso do Sul, Tocantins e as zonas-tampão de Goiás, Mato Grosso e São Paulo, no Circuito Oeste, o País passa a ter mais de 70% de seu rebanho bovino liberado para exportação como carne in natura.
A liberação, porém, “não significa que passaremos a exportar mais”, diz o assessor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Paulo Sérgio Muspefaga. “Ela é só um passaporte.”
Passaporte que será reforçado em maio, quando a Organização Internacional de Epizootias (OIE) oficializará internacionalmente a declaração de Pratini. O diretor-técnico da FNP Consultoria, José Vicente Ferraz, diz que “é preciso manter a qualidade da carne brasileira e comunicar aos demais mercados sobre o seu valor”.
Entre os mercados consumidores a serem explorados a curto prazo, Ferraz aponta dois principais: o asiático e o norte-americano. “A renda per capita dos países asiáticos está aumentando e o consumo de carne ainda é baixo, de 10 a 15 quilos de carne/habitante/ano, enquanto na Europa chega a 25 a 30 quilos de carne/habitante/ano”, diz. “Em breve, teremos um forte crescimento no consumo de carne desses países.”
Quanto ao mercado norte-americano, Ferraz acredita ser este um forte consumidor de carne dianteira para fabricação de hambúrgueres. “Eles são grandes exportadores de carne traseira de qualidade, mas não de carne moída.
E o Brasil é o único país capaz de aumentar a produção desse tipo de carne a um custo razoável.”
Vaca louca – A expectativa do Ministério da Agricultura é a de que as receitas com exportações de carne cheguem a US$ 2,3 bilhões em 2001. No ano passado, a receita foi de US$ 1,95 bilhão. “Mesmo com o diagnóstico da vaca louca na União Européia, grande consumidora e exportadora de carne bovina, o Brasil será favorecido”, diz o assessor da CNA. “A queda no consumo dos europeus será temporária e o Brasil precisa aproveitar a situação para lançar sua marca e conquistar os mercados consumidores de carne européia, como Rússia e Oriente Médio.” Para Muspefaga, isso só será possível por meio de uma grande promoção comercial.
Por Anna Cecília Junqueira, para Suplemento Agrícola, O Estado de São Paulo, 17/01/01