Pecuaristas do RS concordam em não vacinar

Os pecuaristas gaúchos suspenderam a pressão pela volta da vacinação contra a febre aftosa e resolveram dar mais tempo para o Ministério da Agricultura reforçar a vigilância sanitária na fronteira com a Argentina. Ontem, por 20 votos contra 14, os integrantes da Comissão de Pecuária de Corte e Indústria da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) decidiram esperar mais alguns dias para que o governo federal e as secretarias de Agricultura do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina definam que medidas adicionais serão adotadas para impedir a entrada do vírus na região. É o que informa reportagem de Sérgio Bueno, publicada hoje no Valor Online.

A decisão foi tomada pela manhã, um dia depois que o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luiz Carlos de Oliveira, e técnicos da pasta visitaram a entidade para afirmar que não há necessidade de retorno da vacinação e enfatizar os prejuízos decorrentes da medida. Eles propuseram um plano de emergência para a região, que inclui desde ações de educação sanitária dos produtores e o cadastro das propriedades fronteiriças até o fortalecimento da fiscalização interna e de fronteira.

Segundo o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, a entidade tentará convencer o ministério e os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul a anteciparem a reunião marcada para o dia 15, em Florianópolis. Neste encontro, os técnicos vão apresentar os “pontos fracos” no controle sanitário de cada Estado.

O assunto foi tratado também pelos presidentes das associações e confederações rurais do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, na reunião semestral da Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm). O presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antônio de Salvo, afirmou que não está “confiante” de que o poder público brasileiro esteja aparelhado para evitar que “algum foco surja e saia do controle”.

O presidente da Sociedade Rural Argentina, Enrique Crotto, afirmou “temer” que em breve seu governo tenha de reconhecer a existência de aftosa no país.

(Por Sérgio Bueno, para Valor Online, 09/03/01)