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Princípios básicos para a implantação de pastejo rotacionado (parte 1)

O artigo anterior, que comentou sobre a pecuária do estado de São Paulo, dizia que, apesar de ser o estado mais desenvolvido da Nação, possui cerca de 60% de suas áreas em pastagens, e segundo levantamento da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, as regiões com menor proporção de pecuária possuem as maiores receitas por hectare. De certa forma isso é real pois as fazendas de pecuária médias do estado, que possuem por volta de 0,70 UA/ha, apresentam rentabilidade muito baixa.

No final desse artigo, foi colocado que é necessária a introdução de algumas tecnologias para mudar essa situação, e que o pastejo rotacionado seria a primeira a ser empregada.

De certa forma, o pastejo rotacionado hoje, pode ser tido como um modismo, apesar de ser uma técnica muito antiga. No Brasil sempre foi entendido pelos pecuaristas e pela extensão rural como uma técnica a ser usada somente em áreas adubadas. Esse é o motivo de ver o pastejo rotacionado como um modismo, pois propriedades tem introduzido a adubação de pastagens em pequenas glebas, sendo nesses locais introduzido o pastejo rotacionado.

Definindo melhor o pastejo rotacionado, seria uma forma de aproveitamento da pastagem, onde o rebanho consome a forragem respeitando dois princípios, tempo de ocupação de um piquete e tempo de descanso desse piquete, melhor dizendo, intensidade de pastejo e freqüência de pastejo. A outra forma de pastejo seria o contínuo, que é o que normalmente é feito, significando longos períodos de pastejo com pequena variação na carga animal.

Quais são as vantagens de se fazer o pastejo rotacionado? No mundo todo se discute as duas formas de pastejo, rotacionado ou contínuo, bons grupos de trabalhos defendem o pastejo rotacionado, da mesma forma que outros defendem o contínuo. O que fica claro é que, quando do uso de adubações nitrogenadas, necessariamente deve se usar o pastejo rotacionado, principalmente em pastagens tropicais.

Portanto, quais as vantagens do pastejo rotacionado:

– melhor aproveitamento da forragem
– melhor qualidade da forragem durante o período de inverno
– melhor conservação do solo
– melhor administração do sistema
– maior lotação animal

As desvantagens seriam:

– aumento de divisões de pastagens
– melhor acompanhamento técnico do sistema
Qual seria o número de piquetes de um sistema rotacionado? O raciocínio para essa pergunta deve ser o seguinte:

– com que forragem está se trabalhando
– qual a lotação do sistema

Forragens de crescimento cespitoso (Colonião, Tobiatã, Tanzânia, Mombaça, Napier etc), necessitam de maior número de piquetes, enquanto que plantas de hábito prostrado (braquiárias, estrela etc), podem ser manejadas com período de ocupação maior, o que nos leva para um menor número de piquetes.

Em relação à lotação, quanto maior, maior deve ser o número de piquetes. Portanto, áreas adubadas devem ter mais divisões que áreas não adubadas.

Diante disso, resta a resposta para a seguinte pergunta: Qual o tamanho do piquete a ser feito? Para essa pergunta, o raciocínio deve ser o seguinte: Qual o tamanho de lote que a fazenda tem condições de trabalhar ? Pois, quanto maior o lote, maior o tamanho de cada piquete. O tamanho do lote deve estar relacionado com (gado de corte):

– área mínima de cocho de sal mineral
– área mínima de bebedouro
– vazão de água do bebedouro
– largura da porteira do piquete
– largura do corredor
– tamanho do curral

De forma geral, os sistemas de pastejo rotacionado em áreas não adubadas, tem adotado, para pastagens de braquiarão, em torno de 6 piquetes. Desse modo, o período de ocupação seria de uma semana e o descanso de 35 dias. O tamanho do lote na ordem de 300 à 600 cabeças (gado de corte), sendo que existem situações em que o tamanho do lote é maior que 1000 animais. Se o tamanho do lote for em torno de 500 cabeças (aproximadamente 300 UA), e se a lotação no verão for de 1,5 UA/ha, teríamos a necessidade de 200 ha para esse sistema, ou seja, de 6 piquetes de 30 a 35 ha. Pode se perceber que para muitas propriedades a introdução do sistema rotacionado não implica em aumento de divisões, pois essas já possuem piquetes até menores que 30 ha.

No artigo seguinte colocaremos alguns resultados da introdução do pastejo rotacionado e algumas técnicas de controle do pastejo.

2 Comments

  1. Charles Stefano Ghiggi disse:

    Surgiu uma dúvida.

    Se o período de descanso é de 35 dias e o período de ocupação é de 7 dias, pelas contas (Nº de piquetes = Período de Descanso/Período de Ocupação) daria 5 piquetes.

    Obrigado.

  2. Patricia Menezes Santos disse:

    Prezado Charles Stefano Ghiggi,

    A forma correta de se calcular o número de piquetes é utilizando a formula:

    Número de piquetes = (período de descanso/período de ocupação) + 1

    Lembre-se que os animais ficam no piquete por um determinado número de dias (no exmplo, sete) e que o período de descanso só se inicia após eles saírem do piquete.

    Atenciosamente,
    Patricia Menezes Santos
    Embrapa Pecuária Sudeste

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