Exportadores brasileiros de carne consultaram ontem juristas especializados em Direito Internacional sobre a possibilidade de acionar o governo do Canadá, segundo informa reportagem de Isabel Dias de Aguiar e Eduardo Magossi, publicada hoje no O Estado de São Paulo. A ação deverá ser liderada pela Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) e terá o objetivo de criar mecanismos para que todos os prejudicados pelo boicote à carne do Brasil possam ser indenizados. Terá também a finalidade de evitar que outros países tomem iniciativas semelhantes sem bases técnicas e sem obedecer as normas definidas no Acordo de Marrakech, do qual o Canadá é signatário.
Os agricultores também estão determinados a adotar medidas de represália à iniciativa canadense. O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Luis Hafers, sugeriu ontem que todos os produtores rurais brasileiros deixem de comprar o cloreto de potássio canadense. As importações de cloreto de potássio canadense atendem a 27% das necessidades do produto no Brasil. O insumo é usado na produção de adubo para as principais culturas brasileiras.
Segundo Hafers, essas importações somam cerca de US$ 200 milhões anuais. O presidente da SRB disse que essa é uma medida simbólica diante das perdas provocadas pela decisão canadense que “associou a carne brasileira à doença da vaca louca”. Para ele, o dano causado pela posição canadense será difícil de ser revertido”, disse. O cloreto de potássio pode ser adquirido a um custo semelhante ao do Canadá em países como Rússia ou Polônia.
Outra medida de desagravo será a sugestão para que as importações de sêmen bovino canadense, avaliadas em US$ 5 milhões anuais, sejam interrompidas. Esse sêmen é destinado basicamente à produção de gado leiteiro. Hafers disse que, em valores, esse embargo não provocará grandes perdas para a balança canadense mas “com certeza prejudicará empresas, que irão até o governo para reclamar que estão sendo afetadas com esta crise comercial entre os dois países”.
Por Isabel Dias de Aguiar e Eduardo Magossi, para O Estado de São Paulo, 13/02/01