Os encontros realizados desde a última terça-feira, na 12ª Reunião Interministerial de Saúde e Agricultura das Américas, refletem o receio dos governos de que a evolução da febre aftosa fuja do controle e ultrapasse os limites da Argentina e do Uruguai. As iniciativas tendem a assegurar uma maior transparência nas informações dos governos e a implementar sistemas regionais de vigilância e avaliação de risco.
Representantes de organismos de saúde animal de diferentes países e de entidades privadas esperam que os governos americanos banquem a modernização e fortalecimento da estrutura técnica do Panaftosa. Com os consensos que estão sendo formados nos encontros, deve crescer substancialmente a demanda dos países por assessoria técnica e apoios para as atividades de prevenção e controle da doença.
O presidente do Serviço de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina, Bernardo Gabriel Cane, reconheceu que o sucesso obtido na eliminação da aftosa no rebanho argentino, em abril de 1999, gerou ‘relaxamento nas atividades de controle sanitário’ do país. Outro problema que fragilizou a política de controle sanitário, segundo Cane, foi o abandono da parceria entre governo e setor privado na prevenção e fiscalização de eventuais focos da doença. O presidente do Senasa também atribuiu a volta da febre aftosa ao ‘esquecimento do conceito de região’ para o acompanhamento da situação sanitária do gado bovino no âmbito do Mercosul.
Segundo Luiz Carlos de Oliveira, secretário de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, o Brasil vem insistindo com a Argentina, ao longo dos últimos dez anos, sobre a necessidade de se adotar estratégias regionais de prevenção e controle sanitário. ‘O Mercosul descuidou disso’, disse o secretário, apontando que a Argentina relutou o tempo todo em compartilhar sua política de controle sanitário.
O rebuliço em torno da volta da doença ao Cone Sul levou o Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai a formarem um consenso sobre a criação de comitê de sanidade animal e vegetal dentro do Sub-Grupo 8 do Mercosul. A proposta deverá ser ratificada nos próximos dias 8 e 9, em Florianópolis durante a reunião do Sub-Grupo 8. Até o momento, a questão da sanidade é tratada por diferentes comitês do Mercosul.
fonte: Gazeta Mercantil (por José Alberto Gonçalves, com a colaboração de Ayr Aliski), adaptado por Equipe BeefPoint