O Rio Grande do Sul já está autorizado pelo Ministério da Agricultura a vacinar os 25 municípios do Estado na fronteira com o Uruguai e a Argentina. No último fim de semana, uma equipe da Inspetoria Veterinária de Santana do Livramento comprovou que 11 bovinos da Cabanha Retiro, na Estância São Pedro, estão com febre aftosa.
O secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, José Hermeto Hoffmann, responsabilizou o ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, pelo foco de aftosa. No último sábado, durante um encontro com mais de 150 produtores de Santana do Livramento, Hoffmann disse que se o ministro não tivesse sido intransigente, a aftosa não teria chegado ao Estado. Hoffmann disse que o Estado não vai sacrificar nenhuma cabeça de gado com o rifle sanitário, como ocorreu em Jóia, no ano passado. O rifle sanitário é o grande medo dos produtores locais, porque há muitos bancos genéticos na região, que vêm apurando raças de bovinos e ovinos há pelo menos meio século.
Se o governo gaúcho permanecer contra o sacrifício de animais, num raio de até três quilômetros do foco, a primeira conseqüência será a mudança do status de região de área livre de aftosa com vacinação para o de zona infectada. Luiz Carlos Oliveira, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, diz que poderá desanexar o Rio Grande do Sul do Circuito Pecuário Sul, formado por Santa Catarina e parte do Paraná.
O governo de Santa Catarina começou a implantar barreiras sanitárias na divisa com o Rio Grande do Sul, para impedir a passagem de animais e carne do Estado. Líderes políticos e técnicos gaúchos e catarinenses firmaram um protocolo institucional com estratégias conjuntas de combate à aftosa, no sábado, em Florianópolis. Houve consenso em torno da vacinação do gado gaúcho na zona de proteção, mas a comercialização de carne e animais da região imunizada não ficou acertada.
A fazenda onde foram detectados os focos no Rio Grande do Sul fica na divisa dos municípios de Santana do Livramento e Quaraí, que é separado por um rio que banha o município uruguaio de Artigas. Os recentes casos de aftosa no Uruguai e na Argentina já tinham colocado em alerta os produtores locais. Veterinários suspeitam que o vírus do rebanho gaúcho está mais forte que o identificado no Uruguai. A doença atingiu fortemente as patas dos bois, causando lesões que os impedem de caminhar. As feridas na boca também são mais salientes que as verificadas em animais uruguaios.
fonte: Gazeta Mercantil (por Gladinston Silvestrini, Luiz Guimarães e José Alberto Gonçalves) e Zero Hora (por Carlos Wagner, Luís Eduardo Amaral e Silvia Quevedo), adaptado por Equipe BeefPoint