Patrícia Menezes Santos, engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste
8 de novembro de 2005
Exames revelam que não há aftosa no Paraná
10 de novembro de 2005

Rodrigues: Dúvida no Paraná é pior do que confirmação

As dificuldades do governo em confirmar a suspeita de foco de febre aftosa no Paraná poderão afetar a credibilidade do Brasil. A avaliação é do próprio ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. “Estamos quase que procurando [a febre aftosa]. É politicamente mais fácil explicar que era um foco de aftosa do que dizer que era um sintoma não confirmado de aftosa, o que trará um problema de credibilidade”, disse ele. Uma das bandeiras que o governo ostentava, desde o anúncio do primeiro foco de febre aftosa, é que todas as suas ações visavam a transparência.

As suspeitas no Paraná foram divulgadas dia 21 de outubro. No dia seguinte, o ministro afirmou que as possibilidades de a doença ter entrado no estado eram de 90% e que os exames deveriam ficar prontos no dia 25.

Os testes estão sendo feitos no Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário) de Belém, mas até hoje os resultados não foram conclusivos. Em Eldorado, onde foi detectado o primeiro foco de Mato Grosso do Sul, o intervalo entre a suspeita da doença e o resultado do exame que identificou o vírus tipo O foi de oito dias.

Rodrigues disse que a demora acontece porque os exames são muito delicados e precisam ser repetidos. Técnicos do ministério informam que a dificuldade para isolar o vírus é muito grande. “Quando sai um laudo negativo, não significa que é negativo, tem que fazer um novo exame. Isso vai atrasando o resultado. É uma coisa horrorosa”, disse o ministro da Agricultura.

Ele acrescentou que esse clima talvez tenha sido criado por precipitação da parte dele. “Acho que criei uma expectativa negativa de que era aftosa e agora os dados estão mostrando que aparentemente não é”.

Outro problema que uma possível não-confirmação vai trazer será como o governo vai indenizar as famílias de 36 municípios paranaenses, os quatro sob investigação (Amaporã, Loanda, Maringá e Grandes Rios) e os 32 declarados de risco sanitário- afetados com a suspeita.

Há uma medida provisória (MP) que libera R$ 6 milhões para auxiliar os produtores de leite que tiveram rendas cessantes por causa dos embargos aos produtos da área interditada no MS. “No caso de ser confirmada a inexistência da doença, precisamos examinar como acudir esses produtores, mas não tenho a resposta para isso ainda. Até porque eu trabalhava com a hipótese da confirmação”, disse o ministro.

A publicação da MP chegou a ser adiada após a suspeita de focos no Paraná e o valor destinado aos produtores que tiverem animais sacrificados passou de R$ 16 milhões para R$ 20 milhões.

Rodrigues disse que não houve precipitação do governo em publicar a instrução normativa que classifica os 32 municípios paranaenses como área de risco. De acordo com ele, foi uma precaução que conta com o respaldo da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal).

Fonte: Folha de S.Paulo (por Fernando Itokazu), adaptado por Equipe BeefPoint

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