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Sem dificuldades dificilmente ocorrem progressos

Duas notícias do Giro do Boi desta semana merecem ser comentadas. A primeira refere-se ao aumento consistente que vem sendo observado no consumo de carne bovina nos Estados Unidos. A segunda, ao entendimento dentro do Mercosul em aumentar a tarifa para produtos agrícolas provenientes de países que descaradamente subsidiam seus produtores.

Como nada cai do céu, o aumento consistente do consumo de carne bovina nos Estados Unidos é o resultado de uma campanha bem planejada que envolveu toda a cadeia da carne bovina, mostrando como foi possível reverter uma situação adversa de constante diminuição de consumo. A cadeia da carne bovina americana se organizou, levantou recursos, e procurou detectar as causas da diminuição do consumo. Uma vez identificada as prováveis causas, elaborou programas que pudessem mostrar para os consumidores que comer carne bovina produzida nos Estados Unidos era seguro do ponto de vista sanitário e essencial do ponto de vista nutricional. Fez isso estabelecendo programas de controle de riscos quanto ao aspecto sanitário e estimulando pesquisas ou usando dados disponíveis de pesquisa quanto ao aspecto nutricional e de saúde pública. No Giro do Boi do BeefPoint foram divulgadas várias notícias sobre trabalhos de pesquisa que mostraram que o consumo moderado de carne vermelha, em especial a de bovino, ao invés de prejudicar a saúde (como vinha sendo constantemente divulgado na imprensa e por parte da classe médica), de fato melhora na maioria das condições. Além disso, procurou saber o porque do aumento vertiginoso do consumo de outras carnes e outros alimentos. Um ponto importante foi identificar a estreita ligação entre conveniência no preparo de pratos e a preferência pelas donas (os) de casa por alimentos prontos e fáceis de serem rapidamente preparados nas residências. O desenvolvimento de pratos à base de carne bovina de fácil e rápido preparo, juntamente com as campanhas sobre qualidade nutricional, com o efeito positivo na saúde e com maior segurança alimentar, tem propiciado esse aumento de consumo de carne bovina nos Estados Unidos. Aproveitando a experiência americana e usando uma dose de criatividade, a cadeia da carne bovina brasileira precisa apenas da união de esforços de seus integrantes para estimular o desenvolvimento de produtos convenientes à base de carne bovina, com qualidade nutricional e com segurança alimentar, tanto para o mercado interno como para o externo.

O acordo entre os países do Mercosul em aumentar a Tarifa Externa Comum para produtos agrícolas subsidiados nos países de origem mostra um amadurecimento das autoridades em fazer valer o interesse do bloco e não o interesse de cada país isoladamente. A irreversível globalização da economia tende a prejudicar os menos poderosos. Até hoje, não se inventou nada melhor do que a formação de blocos econômicos para aumentar o poder de barganha de países mais fracos isoladamente. Os governos de países ditos emergentes, têm a obrigação perante a população de fazer todo o esforço possível para se integrar de fato em blocos regionais, que defendam seus interesses ante o poder arrasador que a globalização propicia aos países desenvolvidos que atuam isoladamente ou em conjunto. Não existe outra saída.

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