Controle de estoque
16 de junho de 2000
Índices de produtividade da pecuária de corte no Brasil. Parte 1/3
30 de junho de 2000

Sincronização do cio com prostaglandina – Parte I/II

Ed Hoffmann Madureira e Francisco Bonomi Barufi

O uso da inseminação artificial tem sido bastante difundido nos últimos anos. De fato, é uma técnica com inúmeras vantagens, uma vez que permite que se utilizem touros de elevado potencial genético, a um custo reduzido. Além disso, viabiliza o cruzamento de vacas zebuínas com touros europeus puros, resultando em bezerros com elevado desempenho, devido à heterose.

No entanto, há algumas restrições de manejo que podem ser feitas ao uso da inseminação nos rebanhos. Um aspecto digno de nota, sem dúvida, diz respeito à mão-de-obra qualificada, nem sempre disponível. Porém o ponto mais importante, confirmado no Brasil por pesquisas recentes, se refere às falhas de detecção de cio, com grande impacto sobre índices reprodutivos, como intervalo entre partos e taxa de natalidade.

Dessa forma, intervenções que concentrem as ocorrências de cio num curto intervalo de tempo são altamente vantajosas, porque um maior número de fêmeas em cio, num mesmo momento, possibilita uma melhora representativa na eficiência de detecção do estro, já que vacas no proestro e estro apresentam um comportamento homossexual mais intenso, além de uma antecipação das concepções.

O grande avanço da intervenção hormonal no ciclo estral ocorreu na década de 70, com a descoberta da prostaglandina e de seus análogos sintéticos. Anteriormente, a luteólise era obtida com estrógenos, que não apresentam alta eficácia e que possuem muitos efeitos colaterais, como a ocorrência de cistos, por exemplo. Nos dias de hoje, há vários análogos de prostaglandina F2? disponíveis no mercado, como o Luprostiol (Prosolvin), o Cloprostenol (Ciosin e Sincrocio), o D-cloprostenol (Veteglan, Preloban), o Delprostenate (Glandinex), além da prostaglandina natural (Lytalyse).

Para compreender a intervenção das PGF2a no ciclo estral, é importante conhecer alguns detalhes da fisiologia reprodutiva das fêmeas bovinas.

Quando ocorre a ovulação, forma-se no ovário a fossa ovulatória, na qual se origina o corpo lúteo. O período de formação do corpo lúteo é denominado metaestro, e dura cerca de seis dias.

O corpo lúteo secreta progesterona, que inibe a manifestação de cio e a ovulação. Esta fase, conhecida por diestro, dura aproximadamente 11 dias, ao cabo dos quais, em caso de a vaca não estar gestante, o corpo lúteo é espontaneamente destruído. Segue-se a isso, em virtude da ausência de progesterona, um rápido desenvolvimento final do folículo pré-ovulatório e sua maturação, resultando em cio e ovulação. O intervalo compreendido entre dois estros é chamado ciclo estral, e dura em média 21/22 dias para vacas e 20 dias para novilhas.

A prostaglandina e seus análogos apresentam eficácia quando são administrados durante o diestro, que é a fase de vigência plena do corpo lúteo. A administração de prostaglandina durante a fase de formação do corpo lúteo (metaestro) não é eficaz.

Em vacas com corpo lúteo funcional, a prostaglandina provoca ocorrência de cio num intervalo entre 2 e 6 dias. Essa variação não é devida à velocidade de regressão luteínica, mas sim às diferenças no estágio de maturação do folículo ovulatório no momento do tratamento.

É importante que se leve em conta o fato de que fêmeas em anestro não respondem a tratamentos com prostaglandina. Além disso, a prostaglandina não se presta para programas de inseminação artificial em tempo fixo, uma vez que não interfere com a dinâmica de desenvolvimento folicular.

Na segunda parte deste artigo serão abordados os esquemas de utilização de PGF2a em gado de corte e suas implicações no desempenho reprodutivo dos rebanhos.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress