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Sincronização do estro com emprego do PRID – Parte 1

Ed Hoffmann Madureira

Introdução

O PRID (Progesterone releasing intravaginal device) é um dispositivo intravaginal que contém 1,55g de progesterona micronizada, uniformemente suspensa em borracha de silicone, curada sobre uma espiral de aço. O dispositivo possui ainda uma cápsula de gelatina que contém 10mg de benzoato de estradiol. O produto é indicado para sincronização do estro de fêmeas bovinas e eqüinas e também para tratamento do anestro e da degeneração cística dos ovários.

O dispositivo deve ser colocado na vagina, onde é mantido por um período de 9 a 12 dias. No momento da retirada do mesmo, recomenda-se a aplicação de 500UI de eCG e uma dose de prostaglandina F 2µ. As fêmeas bovinas devem ser inseminadas com base na detecção dos estros ou em momento pré-fixado, 56 h após a remoção dos dispositivos.

Avaliou-se a eficácia do PRID pela realização de dois experimentos, cujos resultados preliminares serão divulgados no Beefpoint em duas etapas.

Experimento I: Sincronização do estro e da ovulação com o uso de prostaglandina, F 2µ, PRID, ou CRESTAR em vacas Canchim no pós-parto

Objetivos

Este experimento foi delineado para verificar taxa de prenhez de vacas da raça Canchim (5/8 Charolês, 3/8 zebu) no pós-parto submetidas a tratamentos com prostaglandina, F2µ (PG), PRID ou CRESTAR.

Material e método

Cento e sessenta e seis vacas Canchim com bezerro ao pé foram agrupadas em duas classes, de acordo com o período decorrido do pós-parto, e distribuídas em três grupos de tratamento, formando um arranjo fatorial de tratamentos 3 x 2. O escore de condição corporal das vacas foi avaliado, sendo utilizado como covariável. O experimento foi realizado na Fazenda Santa Luzia, no município de Rancharia/SP nos meses de outubro a dezembro de 1999.
Os tratamentos utilizados em cada grupo foram os seguintes:

Grupo 1 (n = 58) – PG: o estro dos animais foi observado por um período de seis dias com inseminação artificial (IA) 12 horas após a detecção. Após esses seis dias de observação, foi feita administração de PG (Prosolvin, 15mg) e nova observação de cios e IA por um novo período de cinco dias. Colheu-se uma amostra de sangue para dosagem de progesterona imediatamente antes da aplicação de PG para se estimar a ciclicidade.

Grupo 2 (n = 52) – PRID – um dispositivo PRID contendo 1,55 g de progesterona, ao qual se encontrava acoplada uma cápsula de 10 mg de benzoato de estradiol, foi mantido no interior da vagina dos animais durante um período de dez dias. No momento da retirada do mesmo, administraram-se 500 UI de eCG (Folligon) e uma dose de PG. A IA foi realizada em tempo fixo, 56 horas após a remoção dos implantes.

Grupo 3 (n = 56) – CRESTAR – implantes auriculares contendo 3 mg de norgestomet foram mantidos nas vacas durante dez dias. No momento da colocação dos mesmos, foi efetuada a administração de uma injeção intra-muscular contendo 5 mg de valerato de estradiol associados a 3 mg de norgestomet. Na retirada dos implantes, foram aplicadas 500 UI de eCG. Da mesma maneira que no Grupo 2, a IA foi realizada em tempo fixo, 56 horas após a remoção dos dispositivos.

Procedeu-se a sincronização do estro dos três grupos de maneira que a injeção de PG no grupo 1 coincidisse com a retirada dos dispositivos PRID e dos implantes de CRESTARr dos grupos 2 e 3. A avaliação ovariana dos animais de todos os grupos ocorreu no dia da colocação dos dispositivos PRID e dos implantes de CRESTAR, e essa data foi levada em conta para o cálculo intervalo parto – início dos tratamentos. Os diagnósticos de gestação foram realizados por ultra-sonografia 38 dias após as inseminações.

Para a análise estatística empregou-se um modelo fatorial 3 x 2 (3 tratamentos e 2 classes de período pós-parto) mais a covariável escore de condição corporal. As médias corrigidas foram comparadas pelo LSMeans, num nível de significância de 5%.

Resultados

Taxas de prenhez (%) ajustadas (LSM) em vacas Canchim com bezerro ao pé sincronizadas com PG, PRID ou CRESTAR

Tabela

1 Taxa de prenhez no período de sincronização: 120 h após a aplicação de PG.
a,b Valores sobrescritos por letras diferentes, dentro da mesma coluna, em cada sub-tabela, diferem significativamente entre si (P<0,05).

O efeito da condição corporal foi significativo sobre a taxa de prenhez no período de sincronização (p = 0,0425, r2 = 0,0248) e a equação de regressão, do tipo linear é PPS% = -8,992 + 9,485 x escore de condição corporal. As médias não corrigidas para as condições corporais 3 (n=37), 4 (n=87), 5 (n=36) e 6 (n=6) foram respectivamente 21,6, 27,3, 40,0 e 50,0%.

Comentários

A taxa de prenhez do grupo CRESTAR foi significativamente superior à do grupo PG mas não diferiu significativamente do grupo PRID. A diferença entre a taxa de prenhez do grupo PG e a do grupo PRID também não foi significativa.

Não houve efeito significativo do período pós-parto sobre as taxas de prenhez.

De um modo geral, as taxas de prenhez foram aceitáveis, principalmente ao se considerar que o clima bastante seco no período em que o experimento foi realizado, exerceu um efeito negativo sobre a performance reprodutiva do rebanho.

Este fato pode ser comprovado ao se observar a média de escore de condição corporal, que foi 4,1, portanto apenas moderada.

Vale lembrar que a condição corporal está intimamente ligada às taxas de prenhez em programas de sincronização do estro, o que pode ser também verificado no presente experimento.

Conclusões

– O tanto o PRID quanto o CRESTAR foram eficazes na sincronização do estro possibilitando aceitável taxa de prenhez quando uma IA em tempo fixo foi realizada.
– Vacas podem ser tratadas já a partir dos 52 dias pós-parto. A possibilidade do tratamento ser iniciado antes deste período merece atenção num próximo experimento.

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