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Situação da Empresa Fazendas Reunidas Boi Gordo continua indefinida

Um dos acontecimentos importantes, relacionados à pecuária de corte, que abordamos rapidamente na semana passado, foi a decisão da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de desautorizar novos Contratos de Investimentos Coletivos (CIC) por parte da Empresa Fazendas Reunidas Boi Gordo S.A. A justificativa foi a emissão irregular de CIC durante o primeiro semestre de 2.001. Embora contestando o valor da emissão irregular, a Empresa admitiu a mesma, justificando problemas de falta de pessoal e de férias de funcionários durante o referido período.

Durante essa semana, vários artigos na imprensa comentaram sobre a saúde financeira da Empresa comparando o valor total dos CIC pendentes (passivo) e os ativos em bois e em propriedades rurais. Aparentemente, os valores dos ativos equilibram-se com os do passivo. Uma questão levantada que pode gerar insegurança dos investidores é a proporção (mais da metade) e a liquidez dos ativos representados por propriedades rurais. Além disso, com base no último balanço trimestral publicado, o Prof. Alberto Borges Matias da FEA-USP estimou um prejuízo da ordem de R$ 23,04 milhões no trimestre. Segundo ele, “essa não é uma situação confortável para a Boi Gordo, pois ela vai sendo descapitalizada, ou seja, é o dinheiro do investidor que é corroído.”

No caso da Empresa não se mostrar viável diante do quadro mostrado pela imprensa, quem seriam os responsáveis pelos prejuízos dos investidores? A CVM tem argumentado que ela apenas autoriza a emissão dos CIC e informa se os títulos emitidos são legais, mas não garante a qualidade do investimento. Como é um investimento de risco, principalmente por propiciar rentabilidade muito acima de outros investimentos disponíveis no mercado, o investidor teria que lançar mão de analistas ou avaliar por conta própria o balanço da empresa. Mesmo considerando que o maior responsável é sempre quem opera a empresa, dois aspectos parecem claros na presente situação: o primeiro está relacionado à ganância dos investidores que sempre procuram o máximo lucro sem levar em consideração o risco do investimento; o segundo diz respeito às normas e regras para autorização de emissão dos CIC pela CVM. Em razão das mudanças que estão sendo propostas pela própria CVM após esse problema com a Boi Gordo, fica claro que as normas que regeram as emissões até o momento não eram rígidas o suficiente para pelo menos manter os riscos dos investidores dentro de limites considerados normais no mercado.

Para finalizar, mesmo considerando o panorama não muito favorável retratado pela imprensa, seria altamente desejável, para o bem dos investidores e também para o da cadeia da carne bovina, que a Fazendas Reunidas Boi Gordo honre seus compromissos e continue operando no mercado.

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