Controle de estoque
16 de junho de 2000
Índices de produtividade da pecuária de corte no Brasil. Parte 1/3
30 de junho de 2000

Uso racional de pastagens

Parece existir uma confusão entre intensificação, produtividade e eficiência tanto técnica como econômica em diferentes atividades agropecuárias, mas principalmente nos últimos tempos, na produção de gado de corte.

Parece existir uma confusão entre intensificação, produtividade e eficiência tanto técnica como econômica em diferentes atividades agropecuárias, mas principalmente nos últimos tempos, na produção de gado de corte. Dentro da exploração de gado de corte, a intensificão na área de produção das pastagens através de aplicação de adubos em larga escala e utilização de pastejo intensivo rotacionado, tem despertado o interesse de grande número de produtores.

Muitas vezes, os interessados lêem artigos, boletins e ou assistem palestras, e começam a se aventurar na prática da adubação intensiva e manejo rotacionado intensivo sem conhecer todas as nuances tecnológicas envolvidas, ou sem consultoria e assistência técnicas, pública ou privada, competentes para o planejamento (com avaliação econômica considerando tanto a atividade de produção como as particularidades da propriedade) e para o gerenciamento dessa prática.

Entretanto, nas propriedades onde cuidados com planejamento e gerenciamento foram tomados, essa tecnologia tem propiciado bons resultados quando integrada dentro de sistemas de produçdão bem definidos.

A razão de trazer esse assunto para o comentário dessa semana está relacionado com o comentário da semana passada. Terminamos o referido comentário argumentando que “um programa de recuperação, por melhor elaborado que seja, terá pouco impacto sem um programa de manejo visando a sustentabilidade da produção das pastagens ao longo dos anos tanto do ponto de vista econômico como do ecológico”.

Na maioria das propriedades dedicadas à produção exlusiva de gado de corte, isto é, que não exploram atividades relacionadas à produção de grãos, é possível, e mais do que isso, recomendável a introdução de áreas de pastagens (10 a 30% do total) para produção e exploração intensivas. Os objetivos são os de auxiliar tanto no manejo de recuperação de pastagens de baixa produtividade causada por erros de manejo, principalmente os relacionados com superpastejo, como na obtenção de reservas de forragens, principalmente feno em pé, para alimentação do rebanho durante o período da seca. Com o desenvolvimento dos suplementos protéicos/minerais para fornecimento de nutrientes estratégicos durante a seca, níveis aceitáveis de desempenho animal têm sido possíveis.

Existem dois pontos adicionais relacionados a um programa de recuperação de pastagens para serem abordados.

O primeiro se refere à baixa produtividade causada pela baixa fertilidade dos solos. É claro que a produtividade de pastagens está relacionada à fertilidade dos respectivos solos. Entretanto, ocorre nas nossas condições um fenômeno digno de nota, que é a obtenção de produtividade menor do que a que seria possível com base na fertilidade dos solos nas quais essas pastagens estão estabelecidas.

São duas as razões: primeiro, que o superpastejo dimimui o vigor de rebrota, diminuindo a produção de forragem; segundo, que o desempenho animal é limitado pela quantidade de forragem disponível tanto por unidade de área como por unidade animal. Usando um manejo adequado, isto é, dando chance para a forragem crescer de acordo com o potencial de fertilidade do solo e adequando as quantidades de forragem tanto por unidade de área como por unidade animal, o desempenho individual e a produtividade por unidade de área aumentarão. Esses conceitos básicos devem fazer parte de um programa de manejo de pastagens associado a qualquer programa de recuperação de pastagens.

O segundo ponto está relacionado ao conceito de produtividade na atividade de pecuária de corte usado pelo INCRA, que é o de lotação por unidade de área (unidades animais por hectare). Tecnicamente, economicamente e do ponto de vista ecológico (sustentabilidade) esse conceito deixa muito a desejar. Inclusive, o desejo dos pecuaristas em tentar manter as lotações exigidas, tem sido um dos fatores de degradação tanto da produtividade como do ecosistema das áreas de pastagens.

O conceito de produtividade na área animal tem que estar ligado primeiro, tanto à produtividade por animal determinada pelas limitações de valor nutritivo e de ambiente (ganho de peso, taxas de parição e de desmama, produção de leite, produção de lã, etc), como à sustentabilidade dos sistemas de produção. A produtividade por unidade de área, dada pelo produto da produção por animal pela capacidade de suporte das pastagens, é uma consequência. A intensificação da produtividade por unidade de área vai ser determinada pelos aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress