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Vaca louca faz ministério rastrear bois europeus

Associações de criadores de gado estão vasculhando seus arquivos para localizar o paradeiro no Brasil dos bovinos importados da Europa para reprodução nos últimos 20 anos, com o temor atual em torno da doença da vaca louca, a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), segundo reportagem de José Alberto Gonçalves, publicada hoje na Gazeta Mercantil. O levantamento está sendo solicitado pelo Ministério da Agricultura desde a última quinta-feira e envolve dados como país de origem, data de registro no Brasil, endereço do proprietário e informação sobre os motivos da morte do bovino, caso não viva mais. Em alguns casos, também está sendo pedida informação sobre filhos do animal importado. O plano do ministério é montar um inventário abrangente das importações, com visitas às propriedades.

Luiz Carlos de Oliveira, secretário de Defesa Agropecuária, ressalta que o rastreamento dos bovinos vai começar pelos animais oriundos da França e da Alemanha, que passaram a ser considerados países de risco para a transmissão da EEB ao longo de 2000, e informa que a medida visa oferecer maiores garantias à comunidade internacional de que o rebanho bovino brasileiro é saudável.

Algumas das principais raças importadas da UE foram limousin, simental, holandês, pardo-suíço, blonde, devon, charolês e jersey.

Oliveira ressalta que até hoje, nenhum animal foi diagnosticado com sintomas da EEB, doença de notificação obrigatória ao Ministério.

O primeiro passo está sendo a solicitação de levantamento do paradeiro dos animais junto às associações de criadores responsáveis pelo registro dos bovinos internalizados no País. A idéia do governo é identificar animais mortos e vivos. No caso dos bovinos mortos, as associações vão informar o ministério sobre a “causa mortis”, tarefa que será bastante difícil, conforme relatam dirigentes das associações, justamente porque a maioria dos pecuaristas não informa a causa da morte dos bovinos.

Entre 1986 e janeiro deste ano, entraram no Brasil 3.230 bovinos da raça pardo-suíça. A maior parte do gado é dirigida à produção leiteira. A última importação da Europa foi efetuada 1996, de acordo com Fernando Kaiser, superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Gado Pardo-Suíço, sediada em São Paulo, capital. Da Alemanha, foram trazidos 1.124 animais, sendo 43 machos e 1.097 fêmeas, e da Suíça, 161 bovinos (25 machos e 136 fêmeas). O restante dos animais veio do México, EUA, Áustria, Canadá e Argentina.

Levantamento da Associação Nacional dos Criadores Herd Book Collares, do Rio Grande do Sul, mostra que cerca de 100 bovinos da raça blonde aquitaine foram importados da França de 1991 a 1997 por criadores de São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rondônia, Tocantins, Pará, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

O ministério pediu na última quinta-feira à Herd Book que a entidade prepare uma pesquisa mais detalhada, com a localização dos bovinos importados ainda vivos e seus descendentes e dos animais que morreram, com sua “causa mortis”. Do total de animais importados registrados pela Herd Book entre 1991 e 1997, apenas 14 morreram. Alguns dos filhos desses bovinos importados nasceram inclusive ao longo de 2000, até em dezembro. Elias prevê que o trabalho demore pelo menos três semanas.

Até a última sexta-feira, a Associação dos Criadores de Gado Limousin, com sede em Londrina (PR), também não tinha sido contactada pelos técnicos do ministério para levantar dados sobre o paradeiro das importações de animais da raça, oriundos da França.

Por José Alberto Gonçalves, para Gazeta Mercantil, 30/01/01

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