26 de outubro de 2009

Quem dá mais?

Não vale a pena discutir as intenções do MMA ao apresentar um número de desmatamento do cerrado que não representa a realidade. A publicação de um número superestimado tem significado e indica que o Ministério não pretende discutir o tema da ocupação do bioma de forma séria e responsável. Ao contrário da Amazônia, onde o conceito do desmatamento zero faz sentido, porque há muitas áreas abertas que não se prestam à produção agrícola e florestal, a ocupação do cerrado precisa ser discutida visando a minimizar a sua conversão, mas sem canibalizar seu potencial agrícola e florestal, comprovadamente gerador de renda, de desenvolvimento e de atração de investimento. Não me parece, com esse estudo, que o MMA esteja preocupado com isso.
17 de setembro de 2009

Agricultura – agenda reativa?

Em entrevista ao Estadão no mês passado, um conhecido cientista político afirmou que, entre outros setores, "o capitalismo agrário foi para dentro do governo", ou seja, não faz oposição ao governo Lula. Melhor dito: não tem agenda própria. É uma afirmação que a mim incita discussão e merece análise mais detalhada, não somente do seu significado, mas também das suas implicações, caso ela esteja correta. Afinal, o "capitalismo agrário" brasileiro dança apenas a música do governo?
21 de agosto de 2009

Aniversário não comemorável

Neste mês de setembro, deixaremos de comemorar o quinto aniversário do acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia. Para aqueles que não se recordam, as negociações foram interrompidas em setembro de 2004 porque, na reunião do grupo negociador em Brasília, realizada um mês antes, Brasil e Argentina decidiram alterar a oferta tarifária do Mercosul para o setor automobilístico. Os europeus, como era de esperar, não gostaram e o clima favorável foi perdido, levando à interrupção das negociações.
16 de julho de 2009

Modelo em xeque

O presidente Barack Obama tem afirmado que os padrões de consumo nos EUA precisam mudar. Ou seja, os EUA deverão deixar de ser o dinamizador do comércio mundial. Para o presidente norte-americano, os países com superávit de comércio com os EUA deverão buscar alternativas para alocar sua capacidade produtiva, construída para atender à crescente demanda norte-americana, estimulando o desenvolvimento dos seus mercados domésticos. Não há por que não acreditar nas afirmações do presidente dos EUA. É isso mesmo que deve acontecer.
14 de julho de 2009

As diversas farras na Amazônia

O caloroso debate sobre o avanço da pecuária na Amazônia, fomentado pelo boicote de grandes cadeias de supermercados a grandes frigoríficos, pelo recente relatório do Greenpeace ("A farra do boi na Amazônia") e pelas manifestações apimentadas do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, aponta para alguns culpados, uns menos, outros mais, mas tem um foco enviesado.
8 de julho de 2009

Proteção e protecionismo

Um conceito que vem sendo discutido em foros que visam a criar critérios de sustentabilidade para a produção de certas cadeias como a Mesa-redonda da Soja Responsável e a Mesa-redonda dos Biocombustíveis Sustentáveis é o de áreas de alto valor de conservação. Não há problema em proteger áreas que efetivamente possuam uma biodiversidade rica, recursos hídricos estratégicos, espécies importantes da flora e da fauna, entre outros valores socioambientais. O ponto é tratar o assunto pelo prisma da sustentabilidade e realmente balancear os aspectos sociais, ambientais e econômicos envolvidos.
25 de junho de 2009

Zoneamento da cana e credibilidade

Alguns eventos ocorridos recentemente, embora não necessariamente relacionados entre si, conduzem-me à mesma conclusão sobre as implicações de algumas ações postas em marcha pelo governo brasileiro. Vou descrever esses eventos antes de discutir as questões que, a meu ver, precisam ser aprimoradas e mais bem trabalhadas pelo governo federal, sob pena pôr em descrédito políticas que são de vital importância para o País. O tema a que me refiro é o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar.
22 de maio de 2009

Regras fortes, mas sua implementação…

Em tempos de crise mundial e discussões sobre déficit fiscal do governo federal, deixamos de lado questões relacionadas à eficiência do Estado brasileiro. Minha impressão é que a complexidade desse tema é grande o suficiente para inibir reformas que, passado o sofrimento de negociá-las entre Poderes do Estado, burocratas do governo, setor privado e consumidores, os benefícios a partir de sua implementação seriam inegáveis.
23 de abril de 2009

Desperdício de recursos intelectuais

Na leitura diária do Estadão, chamou-me a atenção o editorial de 15 de abril (A3) que defende a tese da politização do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O argumento defendido é baseado na análise dos recém-publicados documentos Comunicado da Presidência números 19 e 20, que discutem o emprego público no Brasil em comparação com outros países e a estrutura do nosso setor bancário.
19 de março de 2009

O mundo está mesmo mais fechado?

À medida que avançamos mar adentro na outrora crise financeira e atual crise econômica mundial, mais somos surpreendidos pela criatividade dos governos, que não apenas opinam sobre políticas adotadas por outros países, como também buscam, sobretudo, soluções que vão no mínimo no sentido contrário ao da resolução da situação. São dignos de menção, no Brasil e fora dele, as ações protecionistas tomadas pela Argentina e os novos movimentos de estatização na Venezuela, que levarão para ainda mais longe qualquer disponibilidade de o já escasso crédito internacional chegar perto de ambos os mercados.
20 de fevereiro de 2009

Relação entre utopia e plano de realidade

O debate sobre transgênicos é um caso típico da relação entre o universo utópico e o plano da realidade. A questão regulatória dentro do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que visa criar regras para o movimento entre países de organismos vivos modificados (OVMs), como sementes, grãos, enzimas, bactérias e outros microorganismos, é um exemplo interessante de como os países, organizações não-governamentais, entidades do setor privado e organizações da sociedade civil se movimentam em torno de um assunto tão polêmico.
22 de janeiro de 2009

Exportações em queda

Muito tem sido discutido sobre as limitações que a crise financeira internacional impôs sobre a disponibilidade de crédito. Um dos tipos de crédito diretamente atingidos por ela é o dos financiamentos às exportações que dependem de recursos captados no exterior. Uma menor disponibilidade de crédito às exportações contribui para a redução dos montantes exportados. Do lado do mercado físico, o que se observa é que as exportações vêm caindo nos últimos meses seguindo trajetória muito semelhante à da redução no crédito. Observando esse comportamento, a pergunta que fica é: é a menor disponibilidade de crédito para exportações que está levando a uma redução nos volumes exportados ou é a menor demanda internacional que leva a uma queda no volume exportado e, consequentemente, a uma menor demanda por crédito?
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